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terça-feira, outubro 19, 2010

Dançando com o Diabo

O cinema já produziu bons filmes sobre o crime e o tráfico na periferia: Pixote, Cidade de Deus, Tropa de Elite 1 e 2 e por aí vai. Agora um documentário como Dançando com o Diabo é um filme que precisava ser feito. A partir da ideia do jornalista inglês Tom Phillips, correspondente do jornal “The Guardian”, que ficou um ano e meio visitando as favelas do Rio de Janeiro. A partir da frase do pastor Dione dos Santos, da igreja Assembléia de Deus: “Ou você caminha com Deus ou dança com o Diabo”, costurou um filme denso e profundo, mesmo nos momentos mais lights.

A partir do depoimento do pastor, de um policial e de um traficante (Aranha) que morreu logo após as gravações do documentário num confronto com a polícia (segundo a versão dos PM) ou executado a queima-roupa pela polícia (segundo a versão dos moradores da favela onde ele comandava o tráfico), uma verdade sobre a favela, a ação da polícia e dos traficantes surgem de uma forma raramente vista na mídia.

Assistindo de forma mais ou menos isenta, não tem como, às vezes compadecer com a vida dos traficantes, terem raiva da polícia e se questionar sobre a atuação da igreja em relação ao crime. Mas o mais difícil é perceber o quão distante está uma solução para a grade maioria dos moradores da favela, trabalhadores em meio a poucas perspectivas otimistas e no meio do fogo cruzado.

Longe de parecer maniqueísmo da produção, as histórias são narradas de forma a mostrar a dualidade entre todos os entrevistados. O policial, por exemplo, vem pra fazer cumprir a lei, mas após tomar umas e outras confessa que evita o confronto, mas uma vez iniciado não quer que o tiroteio termine. O traficante Aranha, com diversas mortes nas costas, pensa fortemente em largar tudo para virar obreiro da igreja. O pastor faz um pacto com traficantes que livram alguns condenados a morte se passar a freqüentar a igreja.

A discussão sobre a criminalidade tem que ter um viés social muito mais forte e é isso que o filme mostra para que possíveis caminhos comecem a aparecer. Enquanto a discussão ficar entre política eleitoreira e questão policial, os moradores continuarão a ficar num curral eleitoral a caminho do abate pela polícia.



Nota 10

6 comentários:

Anônimo disse...

Cara, o delegado que aparece ai fazendo graça foi preso por formação de quadrilha!!!

André Alves disse...

Pois é, Anônimo.
Você sabe que eu até imaginei que isso ia acontecer com ele?

Anônimo disse...

Já assisti esse documentário, é muito bom.

Anônimo disse...

Não é por nada, mas o filme é um pouco antigo não acha? Ja tem quase 2 anos...

André Alves disse...

é, tem dois anos. Mas vc não acha que continua atual?

Anônimo disse...

pode ter 2 anos pode ter dez essa e a realidade do nosso pais.
Andre falta muita educação pro nosso pais melhorar ,parabens por divulgar o documentario.

 
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