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quinta-feira, novembro 17, 2016

Fim de sessão

O Cinema e Mídia chegou ao fim.

Foi uma relação de 10 anos, quando nasceu como Cinema e Asneiras, pois a ideia era falar sobre reflexões não indexadas sobre a vida. Mas logo se tornou o nome que tem.

Em seus tempos áureos tinha milhares de acessos diários e tenho certo orgulho de um blog pessoal e sem nenhum investimento ter posts como Tabus Sexuais no Cinema com 11.002 acessos ou Pornografia na TV  com 16.117. E o grande vencedor, pasmem, não é sobre... Os Vingadores, com 19.050 views. Nem se compara com o (pen)último post, calculado para sê-lo, Doutor Estranho, com parcas 26 visualizações.

Sem carinho, sem cuidado, sem atenção, tudo termina mais cedo do que poderia.

Como podem ver a sessão já tinha acabado, todos já tinham ido embora e ficou só o projecionista esperando para fechar o cinema. #Partiu.

Agradeço imensamente os milhares leitores de outrora e os resistentes dos últimos tempos. Aos que não comentaram, aos comentaram e aos que desceram o pau neste cinéfilo por não concordar com minha argumentação.

Mas é claro que não é o fim. O blog continuará lá, enquanto o sr. Google permitir, com aquela nostalgia – para mim pelo menos – de filmes clássicos pegos pela metade na TV e continuarei a escrever sobre o tema – esporadicamente – no meu blog pessoal. Aos interessados e interessantes, acessem http://andrealves.blog.br/.

Até lá!

domingo, novembro 06, 2016

Doutor Estranho


A Marvel continua expandindo seu universo nos cinemas de forma consistente, porém pouco ousada e isso ficou evidente em Doutor Estranho, que reuniu um dos melhores elencos desse tipo de filme, um visual impressionante, mas ficou, obviamente, voltado para agradar a família. Não que isso seja, necessariamente, um defeito, ainda que cause certa frustração no público mais adulto.

Dito isto, é um bom filme, mas aquém do que poderia ter sido e, em certa medida faz um paralelismo com Esquadrão Suicida. Enquanto a aventura da DC Comics não é tão ruim quanto muitos críticos insistiram em enfatizar, Doutor Estranho não é tão bom assim quanto uma boa parte das primeiras impressões de críticos querem fazer crer.

A aposta em fazer um filme que agrade toda família é uma receita certa de fortuna Marvel/Disney. Os nerds adultos podem levar seus filhos sem medo, as crianças vão querer os brinquedos e crescer assistindo as novas produções e continua agradando os jovens que eram crianças no início da empreitada de sucesso: Homem de Ferro.

Por falar em Homem de Ferro... Se o filme der certo, Doutor Estranho deve ser a aposta para ir substituindo, aos poucos, o Tony Stark de Robert Downey Jr, maior estrela da Marvel. Já que o ator está cada vez mais caro e a idade, 51 anos, trará limitações. Benedict Cumberbatch, o personagem título, é 10 anos mais novo, está em ascensão e é perfeito em interpretar personagens arrogantes e inteligentes (série Sherlock, Star Trek – Além da Escuridão e O Quinto Poder). E, epa, e esse não é exatamente como o criador do Iron Man?

Outros grandes nomes do filme: Chiwetel Ejiofor, de 12 anos de escravidão, mostrou bom desempenho. Já Rachel McAdams foi desperdiçada. Sempre a achei medíocre, mas ela me surpreendeu em True Detective e esperava mais da moça. Mads Mikkelsen (série Hannibal, A Caça, Cassino Royale) é um ótimo ator que interpretou um vilão genérico, como já virou padrão em filmes de heróis. Apostaria que o personagem pode voltar.

Já a camaleoa Tilda Swinton fez com perfeição o papel de Morpheus, ops, da Anciã, embora tenha tido um destino previsível. Para ver o quanto ela é talentosa veja seus personagens em filmes como Adaptação, Precisamos Falar sobre Kevin e Queime depois de ler.

Por fim, mas não menos importante, é o aspecto deslumbrante do filme que vai impressionar ainda mais quem (heresia) ainda não assistiu A Origem. Nenhum adjetivo menor que espetacular pode ser usado para os efeitos especiais de Doutor Estranho. Psicodélico é outro termo muito apropriado para este filme e fiquei até imaginando como deve ser ver o longa com algum tipo de estado mental alterado, como Aldous Huxley no livro As Portas da Percepção.

Mas poxa, não vai falar nada história? Ah, sim. Então lá vai: pessoa comum sofre acidente, descobre poderes, não quer usá-los, mas depois percebe ser necessário em nome de um bem maior. Mocinhos vencem, vilões perdem. Fim! Ah, como é Marvel tem cenas pós-créditos. Duas, na verdade.

domingo, outubro 23, 2016

As faces do cinema de Ettore Scola

O diretor italiano Ettore Scola, que morreu no início deste ano, é um dos que vale a pena conhecer a obra. Destaco aqui três amostras de sua genialidade, que transita por vários gêneros do cinema.



- O Baile (1983) – Em um salão de dança – único cenário do filme – clientes e músicos repassam a história entre a década de 30 e a década de 80 do século XX. Sem um único diálogo, é uma adaptação da peça do Théatre du Campagnol.



- Feios, sujos e malvados (1976) – A miséria italiana tratada de forma chocante em tom de comédia. Brutal em alguns sentidos, traz um certo desconforto em a gente rir das situações. E a intenção é exatamente essa.


- A viagem do capitão Tornado (1990) – Uma ode às companhias itinerantes da Commedia dell’arte, que teve seu declínio no século XVII (época retratada no filme). E também uma metáfora da transformação de uma pessoa que encontra o seu lugar no mundo.

sábado, outubro 22, 2016

O mundo de Gumball

Um dos desenhos mais interessantes da atualidade em que as crianças se divertem, mas são os adultos, em vários episódios, que mais entendem as reflexões filosóficas, humor ácido, explicações científicas e críticas a sociedade de consumo..
Gumball é o gato azul de 12 anos que tem um pai bobão que é um coelho, uma mãe autoritária, uma irmãzinha que é a mais inteligente da família e que às vezes usa esse atributo para se dar bem. O melhor amigo de Gumball é seu irmão adotivo Darwin, um peixe mutante que criou pernas, saiu do aquário e vai à escola.
Vários personagens secundários são excelentes sacadas, como um balão, uma nuvem, uma banana e um T-Rex saído do Parque dos Dinossauros.
Assista com seus filhos, sobrinhos e netos. Ou sozinho, mesmo, pois vale a pena. Disponível no Cartoon Network e Netflix.

quarta-feira, agosto 24, 2016

Os 100 melhores

Estamos bem no início do século, mas a BBC já fez uma daquelas listas dos 100 melhores dos séculos. Boas surpresas com três longas de Michael Haneke, o brasileiro Cidade de Deus e o argentino O Segredo dos seus Olhos, embora ache O Filho da Noiva bem melhor.

Em negrito os filmes que eu já vi, em azul aqueles filmes que ainda não vi, mas tá lista e em vermelho aqueles que realmente acho superestimados.

É certo que Cidade dos Sonhos está entre os melhores para mim, mas não estaria lá no topo da lista. Senti falta de Incêndios, de Denis Villeneuve e Toy Story 3.

100. Toni Erdmann (Maren Ade, 2016)

100. Réquiem Para um Sonho (Darren Aronofsky, 2000)

100. Carlos, o Chacal (Olivier Assayas, 2010)

99. Os Catadores e Eu (Agnès Varda, 2000)

98. Dez (Abbas Kiarostami, 2002)

97. Minha Terra África (Claire Denis, 2009)

96. Procurando Nemo (Andrew Stanton, 2003)

95. Moonrise Kingdom (Wes Anderson, 2012)

94. Deixa Ela Entrar (Tomas Alfredson, 2008)

93. Ratatouille (Brad Bird, 2007)

92. O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford (Andrew Dominik, 2007)

91. O Segredo dos Seus Olhos (Juan José Campanella, 2009)

90. O Pianista (Roman Polanski, 2002)

89. A Mulher Sem Cabeça (Lucrecia Martel, 2008)

88. Spotlight: Segredos Revelados (Tom McCarthy, 2015)

87. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Jean-Pierre Jeunet, 2001)

86. Longe do Paraíso (Todd Haynes, 2002)

85. O Profeta (Jacques Audiard, 2009)

84. Ela (Spike Jonze, 2013)

83. A.I.: Inteligência Artificial (Steven Spielberg, 2001)

82. Um Homem Sério (Joel and Ethan Coen, 2009)

81. Shame (Steve McQueen, 2011)

80. O Retorno (Andrey Zvyagintsev, 2003)

79. Quase Famosos (Cameron Crowe, 2000)

78. O Lobo de Wall Street (Martin Scorsese, 2013)

77. O Escafandro e a Borboleta (Julian Schnabel, 2007)

76. Dogville (Lars von Trier, 2003)

75. Vício Inerente (Paul Thomas Anderson, 2014)

74. Spring Breakers: Garotas Perigosas (Harmony Korine, 2012)

73. Antes do Pôr-do-Sol (Richard Linklater, 2004)

72. Amantes Eternos (Jim Jarmusch, 2013)

71. Tabu (Miguel Gomes, 2012)

70. Histórias que Contamos (Sarah Polley, 2012)

69. Carol (Todd Haynes, 2015)

68. Os Excêntricos Tenenbaums (Wes Anderson, 2001)

67. Guerra ao Terror (Kathryn Bigelow, 2008)

66. Primavera, Verão, Outono, Inverno... E Primavera (Kim Ki-duk, 2003)

65. Aquário (Andrea Arnold, 2009)

64. A Grande Beleza (Paolo Sorrentino, 2013)

63. O Cavalo de Turin (Béla Tarr e Ágnes Hranitzky, 2011)

62. Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino, 2009)

61. Sob a Pele (Jonathan Glazer, 2013)

60. Síndromes e um Século (Apichatpong Weerasethakul, 2006)

59. Marcas da Violência (David Cronenberg, 2005)

58. Moolaadé (Ousmane Sembène, 2004)

57. A Hora Mais Escura (Kathryn Bigelow, 2012)

56. A Harmonia Werckmeister (Béla Tarr e Ágnes Hranitzky, 2000)

55. Ida (Paweł Pawlikowski, 2013)

54. Era uma Vez na Anatolia (Nuri Bilge Ceylan, 2011)

53. Moulin Rouge: Amor em Vermelho (Baz Luhrmann, 2001)

52. Mal dos Trópicos (Apichatpong Weerasethakul, 2004)

51. A Origem (Christopher Nolan, 2010)

50. A Assassina (Hou Hsiao-hsien, 2015)

49. Adeus à Linguagem (Jean-Luc Godard, 2014)

48. Brooklyn (John Crowley, 2015)

47. Leviatã (Andrey Zvyagintsev, 2014)

46. Cópia Fiel (Abbas Kiarostami, 2010)

45. Azul é a Cor Mais Quente (Abdellatif Kechiche, 2013)

44. 12 Anos de Escravidão (Steve McQueen, 2013)

43. Melancolia (Lars von Trier, 2011)

42. Amor (Michael Haneke, 2012)

41. Divertida Mente (Pete Docter, 2015)

40. O Segredo de Brokeback Mountain (Ang Lee, 2005)

39. O Novo Mundo (Terrence Malick, 2005)

38. Cidade de Deus (Fernando Meirelles e Kátia Lund, 2002)

37. Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (Apichatpong Weerasethakul, 2010)

36. Timbuktu (Abderrahmane Sissako, 2014)

35. O Tigre e o Dragão (Ang Lee, 2000)

34. O Filho de Saul (László Nemes, 2015)

33. Batman: O Cavaleiro das Trevas (Christopher Nolan, 2008)

32. A Vida dos Outros (Florian Henckel von Donnersmarck, 2006)

31. Margaret (Kenneth Lonergan, 2011)

30. Oldboy (Park Chan-wook, 2003)

29. WALL-E (Andrew Stanton, 2008)

28. Fale com Ela (Pedro Almodóvar, 2002)

27. A Rede Social (David Fincher, 2010)

26. A Última Noite (Spike Lee, 2002)

25. ​Amnésia (Christopher Nolan, 2000)

24. O Mestre (Paul Thomas Anderson, 2012)

23. Caché (Michael Haneke, 2005)

22. Encontros e Desencontros (Sofia Coppola, 2003)

21. O Grande Hotel Budapeste (Wes Anderson, 2014)

20. Sinédoque, Nova York (Charlie Kaufman, 2008)

19. Mad Max: Estrada da Fúria (George Miller, 2015)

18. A Fita Branca (Michael Haneke, 2009)

17. O Labirinto do Fauno (Guillermo Del Toro, 2006)

16. Holy Motors (Leos Carax, 2012)

15. 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (Cristian Mungiu, 2007)

14. O Ato de Matar (Joshua Oppenheimer, 2012)

13. Filhos da Esperança (Alfonso Cuarón, 2006)

12. Zodíaco (David Fincher, 2007)

11. Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum (Joel e Ethan Coen, 2013)

10. Onde os Fracos não Têm Vez (Joel e Ethan Coen, 2007)

9. A Separação (Asghar Farhadi, 2011)

8. As Coisas Simples da Vida (Edward Yang, 2000)

7. A Árvore da Vida (Terrence Malick, 2011)

6. Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Michel Gondry, 2004)

5. Boyhood: Da Infância à Juventude (Richard Linklater, 2014)

4. A Viagem de Chihiro (Hayao Miyazaki, 2001)

3. Sangue Negro (Paul Thomas Anderson, 2007)

2. Amor à Flor da Pele (Wong Kar-wai, 2000)

1. Cidade dos Sonhos (David Lynch, 2001)

segunda-feira, agosto 22, 2016

A Incrível História de Adaline

Com toques de realismo fantástico e com um ótimo elenco, desde a estrela em ascensão Blake Lively e nomes consagrados do cinema como Harrison Ford, Ellen Burstyn (O exorcista; Réquiem para um sonho) e Kathy Baker (O abrigo; Redenção) o longa foi bastante aplaudido por público e crítica. A história da mulher que parou de envelhecer prometia ser um romance diferenciado, bem diferente da discussão gótica de O retrato de Dorian Gray ou o drama inventivo de O curioso caso de Benjamim Button.

Como história de amor o filme funciona bem, mas tirada o aspecto fantástico, é apenas mais um romance água-com-açúcar que saem aos montes no cinema, nas livrarias e bancas de jornais. A mulher que encontra um cara rico e bom moço que se apaixona pela moça que evita se entregar ao amor para que ambos não sofram. Sim, você já viu essa história em todos os lugares, incluindo quase todas comédias românticas. De Uma linda mulher até a que estiver passando no cinema neste momento.

Apesar dos lugares-comuns a história poderia ter sido melhor recheada com alguma profundidade na trama. Ao invés disso tudo gira em torno de Adaline que precisa viver discretamente devido a sua condição. Desde sua filha, o galã apaixonado e amor de décadas atrás, todos estão focados em dizer para ela: deixar tudo acontecer e seja feliz. Essa é a única preocupação da moça que, apesar de aparentar ser muito culta e inteligente só usa esses atributos para criar novas identidades a cada 10 anos, ajudar o príncipe encantado a fechar um negócio e a vencer um jogo de perguntas e respostas. Triste personagem em tempos de fortes papéis femininos.

E no único momento em que a trama parecia ter algum grau de complexidade, a relação quase incestuosa de Adaline é um mero sinal do destino e não tem problemas morais, se entregando aos óbvios acontecimentos para o final feliz.

Mogli - O Menino Lobo (2016)

Jon Favreau é o cara que achou o tom certo para a Marvel em Homem de Ferro e usou todo seu talento para filmes de ação para atualizar e melhorar (desculpem-me saudosistas) a história do menino criado por lobos e outros animais nas florestas asiáticas. Baseado em O livro da selva, do escritor britânico nascido na Índia Rudyard Kipling (esse mesmo do famoso poema If) e na versão da própria Disney de 1967, com direito a duas canções do original, a chiclete Somente o necessário e outra, num momento completamente descartável.

Ainda que a história soe mais infantil que a média das últimas produções da Disney e Pixar, com personagens sem profundidade, que destoa da paleta de cores (mais sombrio do que se espera em produções do gênero) e com mais violência do que seria o normal, a produção é muito bem realizada.
A qualidade do CGI faz termos vergonha de um dia termos assistido a Jumanji, por exemplo. Todos os animais, dos lobos, a pantera, a serpente, o urso e orangotango são bem realistas, ainda que a qualidade caia um pouco nas cenas de ação. A Disney teve também um ótimo trabalho na escalação do elenco: Bill Murray (Baloo), Idris Elba (Shere Khan), Christopher Walken (Rei Louie), Giancarlo Esposito (Akela), Lupita Nyong'o (Rakcha) e Scarlett Johansson (Kaa). Na versão dublada bons atores também: Dan Stulbach, Marcos Palmeira, Thiago Lacerda, Tiago Abravanel, Júlia Lemmertz e Alinne Moraes. Não me entendam mal, mas achei a voz da serpente Kaa dublada por Scarlett Johansson e Alinne Moraes sensual demais para um filme infantil, mas talvez só os marmanjos tenham percebido isso.

A parte fraca do filme é o próprio protagonista Mogli (Neel Sethi), que a gente pode dar um desconto para um papel que exige pouco talento artístico, mas ele manda bem nas cenas de ação. E no fim, Mogli, história que gostava muito quando era bem pequeno, ganhou uma ótima versão, talvez não tão alinhada à geração atual, mas um pouco mais de inocência às crianças não faz mal.

PS. Os vilões do filme: flor vermelha (fogo); Kaa, a serpente amarela e preta; Shere Khan, o tigre amarelo e preto e Rei Louie, o orangotango laranja. Acho que alguém  não gosta de loiros e ruivos.

domingo, agosto 21, 2016

Ben-Hur (2016)


Timur Bekmambetov é um interessante diretor de filmes de ação, mas foi um tropeço essa releitura de um dos mais icônicos filmes de todos os tempos (o homônimo de 1959, com Charlton Heston e dirigido por William Wyler). Fosse apenas mais um filme genérico, passaria batido, mas fazer isso com um ícone do cinema é preciso estar à altura.

Não sou contra refilmagens e releituras, embora a maioria seja aquém ao material original e mera fórmula de fazer dinheiro com a inocência do espectador. Há casos que funciona, como em Mogli – O menino lobo, Caça-Fantasmas e Robocop, ainda que a bilheteria não concorde comigo.

Refilmar Bem-Hur é outra coisa, assim como seria complicado refilmar E o vento levou.... (que eu não gosto) ou Titanic. Aliás, em 1997 já haviam feito uma refilmagem medíocre de O Iluminado. Deveriam saber que não compensa.

Dito isto, o longa com os inexpressivos Jack Huston (Ben-Hur) e Toby Kebbell (Messala) não é um desastre total. Sejamos sinceros Charlton Heston sempre foi um canastrão, mesmo tenho ganho Oscar, então tudo bem. A história tem ritmo, você se empolga com a história e as cenas de ação são bem-feitas, principalmente a do navio e sem dúvida a corrida de bigas. Pena que pare por aí.

Transformar Messala em irmão de Ben-Hur foi uma tentativa desnecessária de afirmar a masculinidade dos protagonistas, mas o resultado foi por água abaixo. O personagem de Morgan Freeman, em uma interpretação sem vida chega a ser patética, inclusive na cena da corrida de bigas, onde ele, enquanto treinador fica gritando para Ben-Hur o que ele tem que fazer para vencer. Pode até ser que alguém ache que era apenas uma torcida e que o herói não ouvia, porque seria impossível pelo barulho dos cavalos, da multidão no circo e na atenção às rédeas, mas a gente vê em mais de um momento o rei traído olhando para seu instrutor, que havia mencionado antes da corrida onde estaria para passar instruções. Lamentável.

Triste também que Idarin tenha sido chamado de africano, algo que seria impensável para quem conhece, minimamente, um pouco de história.

Por fim, Rodrigo Santoro como Jesus não me surpreendeu, mas também não deixou a desejar, assim como a redenção de Esther (Nazanin Boniadi), pareceu-me justa. O tom, mais religioso que o original, não seria problema se fosse bem feito, mas o final piegas de redenção é uma afronta ao bom senso. Faz parecer o final do pistoleiro em Esquadrão Suicida perfeitamente crível frente ao que acontece aqui.

Como filme de ação, este Ben-Hur fracassa por ser irregular e sem expressão. Mas como filme religioso é um pecado.




 
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