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terça-feira, fevereiro 15, 2011

Alta Fidelidade

Existem alguns filmes que não são revolucionários, profundos ou complexos mas que marcam nossa vida, justamente por serem simples. Alta Fidelidade, lançado em 2000, num dos melhores papéis de John Cusack (2012), adaptado do romance homônimo de Nick Hornby e dirigido pelo competente Stephen Frears (A Rainha) é um desses filmes.

Cusack interpreta Rob, um trintão dono de uma loja de discos raros e independentes que tem dois funcionários meio insanos, com um louvável destaque para Jack Black (King Kong). Mas essa não é essa a vida que ele sonhava. Rob também acabou de levar um fora de sua namorada Laura (Iben Hjejle, de Chéri) e decide fazer um “top 5” dos foras que levou. Ele acredita que deve rever essas ex-namoradas para entender porque ele tem a mania de ser rejeitado pelas mulheres após algum tempo de relacionamento.

É claro que esse mergulho de rever as ex e ao mesmo tempo recuperar o amor de Laura que a história mostra a relativa complexidade do personagem e que, sob alguns aspectos para uns e sob outros aspectos para outros, é facilmente identificado por homens de 25-40 anos. Ao rever suas ex ele percebe que não há uma maldição e que o problema está mais em suas atitudes do que qualquer outra coisa. Enfim, é um filme sobre auto conhecimento e sobre mudanças que só ocorrem catalisadas por algo externo.

Mas antes de ele chegar a essa conclusão Rob vai sofrer por Laura, principalmente quando ela vai morar com o bicho-grilo Ian Ray (Tim Robbins, de Guerra dos Mundos) e que ele percebe que já não é mais o tal quando fica com a belíssima Marie DeSalle (Lisa Bonet, de Coração Satânico). E contracenando com esses dois atores estão duas excelentes sacadas do filme. A primeira com Ray quando Rob imagina diversas situações para encerrar a conversa desagradável entre os dois e a com Marie quando ela resume que teve com ele apenas uma noite de sexo.

A excepcional trilha sonora do filme é um personagem à parte, sendo fundamental no desenvolvimento dos personagens. Fora o fato de ter me ajudado a – porque não – refinar meu gosto musical, as músicas de The Velvet Underground, Elvis Costello, Stereolab, Stevie Wonder, Marvin Gaye entre vários outros são um deleite que sem elas o filme não seria tudo o que é.

E como em Alta Fidelidade existem vários e vários Top 5, resolvi terminar esta resenha com o meu Top 5 dos filmes sobre auto conhecimento. Não confundir com a babaquice de auto-ajuda, por favor. Alta Fidelidade não está aqui porque é hors concour. Os demais são, seguindo o conselho de Rob:



1) Encontros e Desencontros – de Sofia Coppola, com Bill Murray e Scarlett Johansson


2) Melhor é impossível – de James L. Brooks, com Jack Nicholson e Helen Hunt


3) Flores Partidas - de Jim Jarmusch, com Bill Murray e Jeffrey Wright


4) As Confissões de Schmidt - de Alexander Payne, com Jack Nicholson e Kathy Bates


5) (500) Dias com ela – de Marc Webb, com Joseph Gordon-Levitt e Zooey Deschanel


Nota 10

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