A grande promessa dos filmes de terror, o diretor Zack Snyder, de A Madrugada dos Mortos (não vi ainda) tenta seguir a trilha iniciada por Robert Rodrigues em Sin City.
Vendida pela Warner Bros. como uma revolução na fotografia, centrando suas idéias no gibi (ou para ser chique, na Graphic Novel de Frank Muller) faz um filme tão bom quanto ruim. Difícil dizer, realmente. Não, não é isso. O filme é bom (e só bom) mas o difícil é dizer, particularmente, se eu gostei.
Aspectos positivos: o rei de Esparta, Leonidas, vivido pelo irlandês Gerard Butler é truculento, visceral, dono de frases-feitas, porém num bom constexto, como Esta Noite Jantaremos no Inferno, e mesmo assim carismático. Rodrigo Santoro, como o afeminado mas com um vozeirão rei persa, Xerxes, aparece pouco, mas muito bem, ao meu ver. Mostrando um sadismo e uma doçura digna de Maquiavel, só que milênios antes deste pensador existir. Também tem especulares cenas: a do jovem Leonidas matando um lobo, da chuva de flechas encobrindo o sol, do exército persa caindo de um penhasco e da linda oráculo numa imagem onírica sendo, talvez, interpretada pelos horrorsos Éforos. As imagens em tons sépia e cinza e um final muito interessante.
Aspectos negativos: Quem viu um dos trailers e depois vê o filme percebe rapidamente que todas as belas cenas apareceram nas propagandas do filme, o que deixa a gente um pouco frustrado. Quem imaginava uma revolução nas cenas, percebe também que o ótimo Sin City e o pavoroso Capitão Sky e o Mundo de Amanhã foram tão bem ou melhores nesse quesito. Ou seja, não há inovação, ou antes, cópia, bem-feita, mas cópia. A história, que não quer, nem de longe ser fiel ao que pode ter acontecido aos 300 espartanos é fraca e quando a rainha de Leonidas aparece, apesar de a atriz Lena Headey ser linda, é enfadonha, inverossímel e não acrescenta em nada no desfecho do filme. Acreditem.
Outros aspectos: A história é essencialmente a aventura heróica e com final previsível de 300 espartanos que resistem a invasão dos expércitos da Pérsia, em tempos em que Esparta e Atenas eram o símbolo da civilização humana. A primeira pela disciplina e perfeição adônica (bebês que visivelmente apresentavam defeitos físicos ou jeito famélico eram descartados como peças tortas numa produção de roupas); a segunda, recriminada pelo filme, como templo da erudição. Sócrates e Platão que o digam. Houve uma comparação exagerada anti-bushista ao filme.
Cheguei a ler que Xerxes foi comparado ao Bush. Em uma de suas poucas frases, Santoro diz que o mundo ainda vai entender a sua bondade. No entanto, a minoria espartana é a sociedade do culto ao corpo e do militarismo. Os seus adversários, povos dominados por Xérxes, são pessoas defeituosas retratadas como monstros, negros, asiáticos e lutadores visto como imortais, como que num preconceito a outras religiões. E Xérxes, como todos já sabem é um menino gay enrustido.
Ou seja, os inimigos são todos os outros que não são espartanos, os perfeitos, os policiais, os militares que nasceram para defender um estilo de vida. E mais: os 300 de Esparta só perderam a batalha (ooops, estraguei o final para quem não o viu) porque foram traídos por um espartano quasímodo, que deveria ter sido morto por seus pais, que não tiveram coragem e fugirtam.
Conclusão: se este torto tivesse morrido ao nascer os 300 talvez não tivessem sucumbido. Bush está mais para o carismático Leonidas, que é truculento, que para o gentil, porém perverso, Xérxes.
Nota: ????
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