Cristopher Nolan é um dos melhores diretores de Hollywood atualmente.Depois de fazer os ótimos Amnésia, Insônia e Batman Begins chega a suaobra-prima em O Grande Truque, que o próprio diretor junto com seu irmãoJonathan roteirizou, a partir do livro de um tal Christopher Priest(confesso minha ignorância, nunca tinha ouvido falar). Há pouco tinha visto o razoável O Ilusionista, também de 2006, que fala sobre mágica eambientado na mesma Inglaterra na virada do século XIX e XX.
Se no filme concorrente havia Edward Norton (sempre ótimo) e Paul Giamatti paratentar amarrar o romancezinho fraco da história, em O Grande Truque,além dos ótimos atores Hugh Jackman (Robert Angier), Christian Bale(Alfred Borden), Michael Caine e Scarlett Johansson e da direçãoimpecável, a história é sempre surpreendente, cheio de reviravoltas queresistiram às três vezes em que eu vi o filme no período de dez dias eum final que te deixa embasbacado quando você tenta amarrar o que nãofoi claramente explicado e novos detalhes são descobertos.
Bueno, a história é sobre dois mágicos em ascenção que após uma tragédiase tornam rivais Hugh Jackman (Robert Angier) e Christian Bale (AlfredBorden).
Cada um tenta não só superar os truques como destruir acarreira do outro, o que fatalmente não vai acabar bem. Aparentemente opersonagem de Bale é o malvado e o de Jackman é o bonzinho mas a medidaque se desenrola o enredo, vemos que não é bem assim, já que, os doisguardam mais semelhanças que diferenças. A principal diferença dois doisé que enquanto um (Jackman) tem estilo no palco, Bale inventa osmelhores truques.
Claro é que a rivalidade dos dois vão afetar todos a sua volta. Ospersonagens de Michael Caine e de Scarlett Johansson são mais complexosdo que sugerem (e começou aí a minha tentativa de entender melhor ahistória). Além da rivalidade, e da obstinação de fazer a melhor mágicaaté então ou de superar o outro, também há a dualidade em váriossentidos. Há dualidade nos dois personagens que se complementam, hádualidade na personalidade do personagem de Bale que ora ama, ora nãoama sua esposa. E há também uma dualidade moral no tutor em MichaelCaine que talvez não seja tão bonzinho como parece ser.
Chegando na terça parte final, o suspense ganha um quê de ficçãocientífica, que funciona, na minha opinião, como uma metáfora do queviria a acontecer. Se não ficar claro isso é porque não olhamosatentamente.
Quem não viu pare por aqui.
Aliás, é esse "olhar atentamente", bordão usado pelo personagem de Balevárias vezes é o que temos que fazer para entender sua lógica e suasmetáforas.
Explico contando algumas descobertas e deixando algumas dúvidas. Quemsouber que responda. Não sei se houve, na cabeça do escritor ou dosroteiristas uma conclusão única, mas a verdade é que dá muito pano para manga.
Vamos lá:
Da primeira vez que vi o filme, logo na segunda aparição do personagemFallon, descobri que era um irmão gêmeo. Ou não! Fiquei imaginando se apalavra-chave para o falso diário de Alfred Borden era TESLA, talvez oirmão gêmeo seja na verdade um clone. Tesla foi quem fez a máquina paraAngier mas antes havia feito para outro mágico.
Na segunda vez que vi o filme, vi a bolha de ar saindo de um dos clonesde Robert Angier (ou seria o próprio Angier escondido). Fiquei na dúvidade como ele fazia o truque. Se ele morreu na primeira apresentação e seuclone continuou e morreu no dia seguinte. E no outro dia o clone doclone morreu e por aí vai, ou se havia algum truque por trás disso. Pramim não foi o que ocorreu.
Na terceira vez que vi o filme, parecia que o clone havia matado RobertAngier na primeira clonagem, mas revendo algumas vezes a cena, pareceque não foi o que aconteceu, repare no cenário, apesar da frase dita porum dos dois. Se foi isso, é fantástico, mas não me convenci e está umdos sentidos da metáfora que falei mais acima. Também brinquei deperceber quando Alfred Borden era o irmão obstinado e iráscivel ou seuirmão engenhoso e com bom senso. Além de revelar o trabalho impecável deChristian Bale explica também o destino das três personagens femininas.
No fim, o personagem de Michael Caine acena para Alfred Borden antesdesse entar para matar Angier ou um de seus clones. Na primeira vez,achei que era apenas para resgatar a filha do irmão bom (o revoltadomorreu enforcado) mas minha teoria é a de que Caine era a chave e queconspirou para que os dois mágicos se digladiassem: ele ofereceu aBorden o encontro com o empresário (foi como ele começou sua carreira),depois se ofereceu a Angier, instigou este a ver os experimentos deNikolas Tesla, trouxe a personagem de Scarlett Johansson para Angier.Ela iria traí-lo mas antes é ela quem descobre o seu sósia. Ou seria um clone?
Claro que pra gostar do filme não precisamos fazer todos essesexercícios, basta entar no clima do suspense e torcer pelo próximo filme de Christopher Nolan.
Nota 10
Prestige, The (2006) Dirigido por Christopher Nolan. Com: Hugh Jackman,Christian Bale, Michael Caine, Scarlett Johansson
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