Google+ Cinema e Mídia: Batismo de Sangue

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terça-feira, maio 29, 2007

Batismo de Sangue

É de suma importância para a democracia brasileira e da América Latina que as atrocidades do período da ditadura militar no Brasil sejam sempre lembradas. Recentemente tivemos alguns filmes que abordaram de modos diferentes esse tempo: “1972”, “Zuzu Angel”, “O Ano em que meus pais saíram de férias”, este de uma poesia lindíssima. “Batismo de Sangue”, de Helvécio Ratton, diretor de O Menino Maluquinho, é outro lançado no ano passado e que foi certeiro em adaptar o livro homônimo de Frei Betto, um dos intelectuais mais respeitados da esquerda na América do Sul.

Chocante, com belíssima fotografia e atuações eficientes, Batismo tem cenas fortes de tortura, porém necessárias ao retratar a violência sofrida por um grupo de freis dominicanos que resiste a ditadura, apoiando o grupo guerrilheiro “Ação Libertadora Nacional” (ALN), de Carlos Marighella. Seus ideais cristãos e o fato de serem religiosos dão um grau a mais de emoção ao filme, exibido no Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá. Caio Blat e Daniel de Oliveira, que interpretam Frei Tito e Frei Betto estão bem em seus papéis, embora deste último fosse mais fácil.

Apesar de forte e de boas atuações, o filme de Rattón, pecou em duas coisas graves. Apesar de ter uma produção impecável em recriar o ambiente do final dos anos 60 e início dos anos70, o diretor insiste em nos mostrar qual período é retratado: o comentário sobre Noel Rosa, a chegada do homem à Lua e os mil gols de Pelé. Minutos que ajudaram a deixar rasa a história.

O filme erra ao não aprofundar no engajamento dos dominicanos que ficam parecendo meio frívolos, panfletários. O suicídio, ato tão caro aos cristãos, de Frei Tito como ato heróico precisava de algo mais. “É preferível morrer a perder a vida”, escreveu o frei em sua Bíblia e essa lucidez não foi valorizada.Ainda sim é um filme bom e necessário ser visto. Como disse o próprio Frei Betto em artigo publicado na época de lançamento. No filme “está o estupro da mãe gentil, gigante entorpecido, o Brasil sem margens plácidas, arrancado do berço esplêndido, resgatado à democracia pelos filhos que, por amor e esperança, e sem temer a própria morte, não fugiram à luta”.

Nota 08

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