Google+ Cinema e Mídia: Dia de Festa

Social Icons

twitterfacebookgoogle plusrss feedemail

quarta-feira, maio 30, 2007

Dia de Festa

A invisibilidade social é a pior praga do Brasil. Falta emprego, moradia, alimento, escola, tudo o que é básico é inatingível a milhões de brasileiros. Como a sociedade não é inerte, pipocam afora vários movimentos sociais reivindicando o que deveria ser obrigação dos governos. É sobre conquistar um teto que o corajoso documentário “Dia de Festa” (2006, 77 minutos) trata: a ocupação de sete imóveis abandonados por seus proprietários em São Paulo pelo Movimento dos Sem Teto do Centro – MSTC.

O documentário de Toni Venturi e Pablo Georgieff relata as situações vividas por quatro mulheres e o que as levou a entrar para o movimento. Passar fome e dormir na rua é o mínimo.

Para chamar a atenção das autoridades, mídia e população, o MSTC promove ocupações em prédios públicos ou privados, que os integrantes do movimento chamam de Festa, daí o nome do documentário. Essas festas são a forma mais interessante encontrada para tentar comover o país e fazer valer o que está previsto na Constituição Brasileira, que é a garantia de moradia a todos e a previsão do poder público desapropriar imóveis não utilizados.

As festas são meticulosamente planejadas. Somente a coordenação do movimento sabe quais locais serão ocupados. É feita uma mobilização na comunidade para arrecadar alimentos para garantir a ocupação pelos dias que forem necessários. Invariavelmente, um mandato de reintegração de posse obriga a saída dos sem teto, mas o objetivo já foi feito.

Porém, nem sempre a ocupação é tranqüila. Logo no início do documentário, vemos pessoas gritando "Polícia é para ladrão, abaixo à repressão!" e policiais com armas em punho e bombas de gás lançadas.

Haveria nessa história a possibilidade de ser um registro altamente enviesado política ou dogmaticamente. Não é o que acontece. Até porque para chocar ao apresentar favela paulista e um cortiço, que faria Raul Pompéia achar seu romance açucarado, não é preciso muita ideologia. Saber que em São Paulo há 1800 favelas e 420 mil imóveis desocupados, habitados apenas por ratos e baratas já deve provocar, em que vê, a reação necessária.

Nota 07

0 comentários:

 
Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.