O diretor e roteirista Rodrigo Cortés foi revelado ao mundo com o eficiente Enterrado Vivo com o Ryan Reynolds dentro de um caixão. Não era um filme para grandes plateias mas interessante de se ver. Em Poder Paranormal (não tem nada a ver com filmes como os da série Atividade Paranormal), o diretor espanhol tenta mostrar que é bom, mas seu didatismo e, em alguns casos, petulância, ofusca o potencial.
A história gira em torno de dois pesquisadores vividos por Sigourney Weaver e Cillian Murphy (o Espantalho, da trilogia Batman) que desmascaram todo tipo de atividade paranormal. Desde jovens com poderes mediúnicos, casas mal-assombradas ou mesmo os grandes charlatões que cobram caro para iludir a platéia em seus espetáculos. No entanto, quando um famoso “vidente” cego Simon Silver (Robert De Niro) decide voltar a fazer seus shows, a dupla de pesquisadores se divide. Tom Buckley, vivido por Cillian, quer desmascarar o vidente mais famoso, mas sua colega Margaret (Weaver) tenta dissuadi-lo da ideia.
O nome do filme, em inglês é Red Lights (luzes vermelhas) e se refere, como foi explicado em diálogo, a elementos destoantes em um cenário a fim de identificar uma fraude. O apelo serve para os casos analisados e também para o filme, que tem algumas reviravoltas. E é aí, no que se propõe a ser interessante, se mostra problemático na maioria das vezes. Prometo não estragar o final, mas não tem como argumentar sem comentar determinadas cenas.
Cortés bebe tão claramente no estilo de M. Night Shyamalan que até o personagem de Cillian Murphy se parece, de certo ponto de vista, com o de Samuel L. Jackson em Corpo Fechado. No entanto, Shyamalan era (pelo menos em seus primeiros filmes) hábil em criar uma atmosfera envolvente para suas histórias fantásticas.
O que não acontece aqui. Tom e Margaret são dois chatos que tem motivações pessoais para provarem que não existem poderes paranormais. E o pior é que em certo ponto do filme um dos personagens diz que chegou a duvidar de seu ceticismo quando quase caiu no truque mais rasteiro de qualquer charlatão. Do modo como o diretor os apresenta parece que não existem muitos profissionais nessa área. O que é uma inverdade.
Temos vários cientistas já provaram os truques da mente. Um deles, meu preferido, o inglês Richard Dawkins. Outro famoso, embora seja artista, é o ex-ilusionista canadense James Randi que há anos oferece 1 milhão de dólares para quem provar que realmente é paranormal. Não cito Padre Quevedo, pois o considero uma fraude que desvenda fraudes.
Por outro lado, na universidade onde eles trabalham há um grupo importante que estuda paranormalidade, liderado pelo pesquisador Dr. Shackleton (Toby Jones). Novamente aqui eles são retratados com uma inocência pueril que se encantam facilmente com qualquer suposto paranormal e nisso, a cena dos óculos chega a ser ridícula.
Mas como disse parágrafos acima, o filme é cheio de reviravoltas, algumas interessantes, outras nem tanto: o protagonista não é quem a gente acredita ser. Na investigação dos pesquisadores para desvendar Silver, várias coisas estranhas vão acontecer: pássaros morrerão, um personagem importante vai morrer, pessoas estranhas aparecerão, casas serão bagunçadas e o mistério parece ser como o cego charlatão consegue fazer isso. E aí vem um final extremamente didático que parece questionar a nossa capacidade de raciocínio.
Antes de cair na armadilha lembre-se que os protagonistas têm como missão de vida desvendar os charlatões. Por enquanto, estou achando que o grande charlatão é o diretor.
Robet De Niro como Simon Silver |
Título Original: Red Lights
Direção: Rodrigo Cortés
Roteiro: Rodrigo Cortés
Elenco: Cillian Murphy, Robert De Niro, Sigourney Weaver, Elizabeth Olsen, Toby Jones
Origem: Estados Unidos
Estreia: 2012
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