Já havia falado de um ótimo filme do alemão Michael Haneke, Cachè. Neste Código Desconhecido, de 2001, o diretor é bem mais ousado, embora não necessariamente reflita um filme melhor. A grande virtude e o grande defeito do filme está no tema. Falta de comunicação quando muitas linguagens são faladas. Não os idiomas, mas os conceitos políticos, sociais, raciais, de classe aliado aos idiomas. Alejandro González Iñarritu tratou do mesmo tema em seu Babel, só que de forma mais palatável.
Mas voltando ao filme. Vale a pena pelo exercício narrativo e pelo mostra-não mostra em cenas que se interrompem abruptamente, com personagens falando vários idiomas (francês, romeno, alemão, linguagem surdo-murdo e outros que não consegui distinguir) mas sem se entender seja no relacionamento entre namorado e namorada (Juliete Binoche), pai e filho, franceses e negros, polícia e imigrantes.
Interessante também é a forma como Haneke nos mostra que a artificialidade nos mostra mais confortável que a realidade. O filme no qual a personagem de Binoche (Anne Laurent, que tem o mesmo sobrenome de sua personagem em Cachè) está atuando é num padrão convencional, ao que estamos acostumados a entender. Já os entrecortes que Haneke faz, a exceção da cena de abertura, bastante incômoda, nos faz pensar, se quisermos, é claro, o quanto o que percebemos do outro é quase nada. Só preconceito. Ou a mais pura ignorância.
Nota 7
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