sexta-feira, novembro 21, 2008
Meu problema com filmes asiáticos 2
Meu amigo filósofo Thiago me fez uma provocação me perguntando em que sentido o exagero estraga uma obra-prima... Estava tentando evocar Adorno (para o qual o cinema deve ser uma extensão da realidade) e Benjamim, que condena a reprodução da obra-de-arte, mas vou deixar para lá, por enquanto, acho que talvez, ou sei lá.
Bom, estava falando dos filmes asiáticos, em especial do sul-coreano Old Boy (que deverá ter uma versão Hollywoodiana produzida por Spielberg e Will Smith no personagem-título – particularmente, espero que isso não aconteça) e do japonês Ichi – o Assassino. Considerando verossimilhança como coerência, ou algo próximo da verdade, há exageros na narrativa que podem ser considerados verossímeis e isso ressaltei. Tanto em Ichi quanto em Oldboy os roteiros são ótimos, complexos.
Old Boy é o segundo capítulo da trilogia do diretor Boy, Park Chan-wook, que fez faculdade de filosofia e que abordam o tema da vingança. No caso dos outros dois filmes a vingança está até no nome. Mr. Vingança e Lady Vingança. Mas no filme em questão a história aborda a trajetória de um homem que é seqüestrado por vários anos sem muita explicação. Mantido preso num quarto de hotel descobre-se o principal suspeito do assassinato de sua esposa... Anos mais tarde fica livre e parte para vingança mas acaba se envolvendo numa relação incestuosa que pode ser fatal.
Ichi tem uma história mais simples mas o terror psicológico é insano. Chefe da Yakusa some com milhões e um líder pra lá de louco, Kakihara, com sua gangue vai atrás dele. Seus métodos sádicos começam a incomodar outras gangues ainda mais porque ele contratou um outro matador Ichi, ainda mais psicopata. Sangue, tortura, espancamentos é o que se vê muito bem feito nessa história.
Mas assim, os exageros a que me refiro e que para mim, estraga a arte está na extrapolação das técnicas ou de alguns detalhes. É exagero pra mim a canastrice da maioria dos personagens. A péssima atuação é proposital ou o diretor sabe lidar com o roteiro e com as lutas mas não com a atuação dos atores? Em todo caso, destoa. Rancar um pedaço da língua e atender o telefone? Tente aí, se conseguir, eu retiro o que disse e digo que é possível. Um cara ficar pendurado com vários ganchos se remexendo todo, sem sair sangue e conversando, como quem não tivesse sentindo muita dor? A cena é forte mas estes exageros... Porra, o cara tinha que estar gritando de dor ou tentando não se mexer para que os ganchos não rasgassem ainda mais sua pele... Em Old Boy, que faz um ano que eu vi, está mais na péssima atuação dos atores e mais uma vez, não acredito que atuar mal seja um problema da Coréia, China ou Japão, mas que ao tentar passar mais dramaticidade imprimem uma aura mais caricatural e isso exagera a arte e tira o adjetivo da obra.
Ichi – O Assassino – 7,5
Old Boy – 8,5
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3 comentários:
Ah!compreendido agora, meu amigo jornalista. O exagero que me referia era o das atitudes; os orientais são esquisitos ( talvez por ser orientais).Um abraço
Tinha me esquecido: nunca li e não tenho interesse em ler aqueles autores. Se evocava alguém, era Aristóteles.
Hehehe. Os Frankfurtianos são mesmo ultrapassados, mas para a comunicação e sociologia eles são básicos. Imaginei que talvez vc tivesse evocando algum filósofo pós-Socrático, iria chutar Platão, mas confesso que me distanciei bastante da filosofia, mas é algo que pretendo retomar.
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