O Sexto Sentido

Quando comentei sobre o Oscar deste ano me referi aos filmes de baixo orçamento que rendem muito e que foi este detalhe que fez “Quem quer ser um milinário?” levar a melhor. Um dos filmes mais icônicos é O Sexto Sentido. Concorreu mas perdeu o Oscar para Beleza Americana em 1999, num dos melhores anos de Hollywood, mas que é o sonho de qualquer produtor. Custou cerca de 40 milhões de dólares e teve um retorno de praticamente 1 bilhão de dólares em todo o mundo (320 milhões só nos EUA e foi o filme mais visto no Brasil naquele ano).

Além de uma história simples, com um roteiro enxuto e abusrdamente explícito, o final surpreendente resiste a várias assistidas. Não tem como não se encantar com a interpretação de Haley Joel Osment e aceitar que Bruce Willis atuou bem. No entanto, o mérito de M. Night Shyamalan tornou-se seu pesadelo. Talvez se achando um Hitchcock do além, primou-se por achar que todos os seus filmes tinham que ter uma marca registrada: o final surpreendente. Funcionou em alguns de seus filmes posteriores, ainda que tivesse que sacrificar tudo que os precediam. Vejam só a dificuldade de ter filmes com baixo orçamento, de ótima qualidade e sucesso de crítica e público.

O Sexto Sentido fez isso mostrando que os méritos não estão nos efeitos especiais, nem em campanhas de marketing, nem em falsas pretensões. Basta ter uma boa história, mas isso é raro. No campo dos filmes sobrenaturais somente mais dois tenho coragem de citar como excelentes também: Os Outros e O Labirinto de Fauno, ainda que A Espinha do Diabo e O Orfanato sejam muito bons.

A insistência de Shyamalan fez um ótimo Corpo Fechado (é uma obra-prima de direção e fotografia), forçou a barra em Sinais, revelou-se dedicado em A Vila, cavou sua cova em A Dama da Água e se enterrou com Fim dos Tempos. Se vai se reerguer? Surpreenda-me de novo, Night.

O Sexto Sentido, 10

Corpo Fechado, 9

Sinais, 7

A Vila, 8

A Dama na Água, 5

Fim dos Tempos, 5