quinta-feira, março 19, 2009
Estômago
“Raimundo Nonato (João Miguel) foi para a cidade grande na esperança de ter uma vida melhor. Contratado como faxineiro em um bar, logo ele descobre que possui um talento nato para a cozinha. Com suas coxinhas Raimundo transforma o bar num sucesso. Giovanni (Carlo Briani), o dono de um conhecido restaurante italiano da região, o contrata como assistente de cozinheiro. A cozinha italiana é uma grande descoberta para Raimundo, que passa também a ter uma casa, roupas melhores, relacionamentos sociais e um amor: a prostituta Iria (Fabiula Nascimento).” A sinopse do filme não dá conta dos méritos da produção ítalo-brasileira que se revela um filme bastante interessante como uma parábola sobre o poder.
O filme mistura dois momentos distintos na vida de Raimundo Nonato (novamente João Miguel se mostra um ator com muito talento apesar de seu aspecto brucutu, vale a pena rever Cinema, Aspirinas e Urubus). Do migrante que tenta ganhar a vida na cidade grande e é ingênuo no amor e dele na cadeia tentando sobreviver em meio a pessoas más. Até certo momento do filme, não dá para saber qual parte é o passado e qual é o presente. Quando descobrimos, ficamos nos perguntando o que aconteceu para ter essa mudança de situação.
O que acontece, o próprio nome do filme sugere e como Nonato lida com comida e tudo o que ele faz se traduz nas receitas e pratos, não fica difícil deduzir. Mas na verdade não é esta a grande revelação do filme, que se apresenta como o grande trunfo do filme, que ora se mostra arrastado em sua duração (longas cenas sobre a preparação dos pratos) e a excessiva linguagem de baixo calão, que em alguns momentos aparenta ser forçada, ainda que essa mesma linguagem seja responsável por momentos memoráveis do longa. Vale a pena reproduzir parte do diálogo inicial:
NONATO: É gorgonzola! Esse queijo tem esse nome por causa do nome da cidade onde ele foi inventado, na Itália, ali bem pertinho dos Estados Unido...
BUJIÙ: Ô Alecrim, esse gorgonzola pode ser o queijo do caralho que for, meu irmão, tu pode fazê o que quiser com ele, mas esse negócio não vai ficar aqui dentro nem fudendo!
Estômago estreiou no Festival do Rio 2007, onde se consagrou como grande vencedor, tendo recebido quatro prêmios: Melhor Filme pelo Público, Melhor Diretor, Melhor Ator e Prêmio Especial do Júri. Ao todo já são 19 premiações, sendo 14 no exterior. Suas filmagens aconteceram durante 5 semanas em Curitiba e São Paulo e sua finalização foi feita na Itália.
Não é lançamento mas vale a pena ser pego pelo Estômago e pelos olhos. Não só no filme, mas no livro com o roteiro do filme, o que é comum em filmes estrangeiros mas é, de certa forma, novidade em filmes brasileiros. E também pode ser pego pelos olhos no ótimo site ainda no ar (www.estomagoofilme.com.br) e se sentir vontade de experimentar alguns pratos (menos a última do filme, espero), dá para fazer o download do livro de receitas no endereço: www.estomagoofilme.com.br/download/livro_receitas.pdf
Prêmios e indicações
- 14 indicações no Grande Prêmio Vivo do Cinema Brasileiro.
- Indicado ao Prêmio Luis Buñuel 2008, da FIPCA - Federação Ibero-americana de Produtores de Cinema e Audiovisual
- Considerado um dos dez melhores filmes de 2008 (o único brasileiro), pela Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro
-Melhor filme de 2008 pelo jornal ao Globo, dividindo a posição com Sangue Negro, com Daniel Day-Lewis
- Vencedor do Prêmio do Público do Festival de Cinema Brasileiro de Barcelona
- Melhor filme latino-americano no Festival do Uruguay
- Melhor filme no Festival de Punta del Este
- Grande vencedor do Festival do Rio em 2007. Além de ser eleito o melhor filme segundo o público, o longa-metragem recebeu os troféus de melhor direção, ator, dado a João Miguel, e o de menção especial, dado ao coadjuvante Babu Santana.
Nota 08
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