Os livros de Jorge Amado, especialmente Capitães de Areia e A Morte e a Morte de Quincas Berro D’água, ao lado de quase toda a obra de Machado de Assis, ajudaram a despertar em mim o bom gosto pela leitura. E como desde criança sou aficionado por cinema nada melhor do que unir duas das melhores artes.
Mas é exatamente esse o problema do cinema brasileiro. Ainda não aprendemos o caminho da transformação de boas obras em bons filmes. Decepcionante como a versão com Reginaldo Farias de Memórias Póstumas de Brás Cubas, o filme Quincas Berro D’Água, do ainda sim promissor diretor Sérgio Machado, escorrega feio por querer ser o que não é: nem fiel a obra de Amado nem uma visão autoral do diretor, nem comédia (ainda que tenham tentado) nem drama.
Já faz tempo que não basta botar atores globais e achar que isso é sinônimo de bilheteria. Já que juntaram um bom material, um bom diretor e bons atores porque não fazer um filme bom? Quem se sai razoavelmente bem é Paulo José, como o personagem título, mas os demais escorregam em clichês e maneirismos que reduzem ao caricato a crítica social imposta por Jorge Amado no original. Tá bom, Frank Menezes também está bom como Curió, mas não chega aos pés do Chicó de Auto da Compadecida.
Um falso lirismo que não existe numa obra que não deveria ter uma versão despretensiosa em intelecto e só pensar em lucro por ter atores globais. Se não foi dessa forma que conceberam o filme como referendar o desfile de palavrões, a maioria com o intuito frustrado de fazer rir, e como acreditar que até mesmo a amante do Quincas não iria perceber que não era só o seu dito cujo que estava morto?
Nota 05
quarta-feira, setembro 29, 2010
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