Pense num filme podre mas divertido. Esta é a melhor definição que tenho para Machete. O personagem de Danny Trevo, que já figurou no infantil Pequenos Espiões e virou um trailer falso na proposta fracassada do projeto The Grindhouse, do diretor Robert Rodriguez com seu amigo Quentin Tarantino, que uniu nos Estados Unidos dois filmes em sessão dupla. Entre as sessões de Planeta Terror (de Rodriguez) e À Prova de morte (de Tarantino) o falso trailer era exibido, mas fez tanto sucesso (alguns dizem que até mais as produções em si) que acabou ganhando sua própria produção.
Apesar dessa origem, o diretor bebe de seu pior filme com a personagem de Michele Rodrigues no duplo papel de Luz e Shé. Quem viu Planeta Terror sabe do que estou falando: sai a metralhadora na perna e entra o tapa olho. E tem mais pegadinhas: o mexicano Machete é interpretado pelo primo do diretor, que, tal como ele é: estadunidense. E no final do longa ele promete mais dois filmes: Machete Kills e Machete Kills again.
É bem possível que as continuações vinguem até porque as produções do diretor, a exceção de Sin City, sempre são de baixo custo e de relativo lucro. Ainda que não repita o feito de El Mariachi é sempre um investimento seguro para as empresas de entretenimento.
Já disse que é filme B, de baixa qualidade, diálogos pobres, cenas absurdas e em alguns casos, risíveis de tão mal feitas. Mas também é divertido, de um modo que outros do gênero em tempos atrás jamais conseguiriam ser. Ainda que tenha um Steven Seagal como o vilão e canastrão, tem também a improvável personagem de Jéssica Alba, um padre assassino e a impagável atuação de Robert DeNiro, como um senador texano. Mas de tão caricata e ao mesmo tempo tão surpreendente atuação, não é de se esperar que ele ainda confesse que apenas imitou o ex-presidente George W. Bush. Para agradar os machões de todas as idades ainda tem a Lindsay Lohan numa cena na piscina pra lá de inspirada, que poderia ter saído de qualquer pornochanchada brasileira.
Enfim, Machete é pra se divertir sem cobranças de moralismo, numa sessão da tarde descontraída, porque é um filme ruim, concebido para ser ruim. E por isso mesmo ele acaba sendo bom.
PS. Uma pegadinha despretensiosa já havia acontecido com De Volta para o Futuro quando antes dos caracteres finais aparecia os dizeres “To be continued...” Spielberg e Zemecks juram até hoje que não era a intenção fazer um De Volta para o Futuro 2 e 3, mas o público pediu e eles acataram. E o resultado ficou apenas um pouco aquém do original. Mas com Rodriguez a história é outra: como havia feito um filme tão ruim quanto Planeta Terror, merecia um filme B Cult e não um B de bomba.
Nota 07
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