Estava interessado em ler este livro já tem um tempinho até que ganhei de Natal da minha esposa. Um presente e tanto pois unem várias paixões: literatura, paternidade, cinema. Além disso, o autor (canadense) David Gilmour é homônimo do vocalista do Pink Floyd. E principalmente, claro, porque foi presente do meu amor.
Como literatura, é fato que não é das mais eruditas, mas é uma narrativa corajosa, apresentando-se como um relato de um pai num momento profissional difícil e seu filho de 16 anos que não mais quer estudar. O filho querer abandonar os estudos é tão traumático para os pais como perceber que ele está viciado em alguma coisa ou engravidar (ou ter sido engravidado) em tenra idade. O resultado quase nunca é satisfatório.
E no caso deste David Gilmour, ele deixou seu filho abandonar a escola com o compromisso de assistirem os dois juntos a três filmes por semana, selecionados pelo pai. Claro que a idéia é tentadora para o filho e logo se mostra mais difícil do que imaginado pelo pai, pois, ao querer educar o filho através de filmes percebe que Educação não é algo tão simples.
Mais permissivo e mais ingênuo do que eu poderia esperar o livro mostra as dificuldades de se criar um filho quando este apresenta um problema. E claro, se as sessões de cinema ajudaram o filho a entender um pouco melhor o mundo que se apresenta além de lhe dar uma possível futura profissão, essas mesmas sessões ajudaram o autor a aprender se relacionar melhor com o filho, fruto de um casamento anterior.
Apesar das belas resenhas de cinema que entremeia o livro e do que parece ser uma boa família de classe média canadense não tem como notar o alto grau de preconceito que o autor demonstra com seus personagens (reais) que aparecem na história que não são brancos loiros ou ruivos. Os negros, a oriental, os cubanos e até um francês são tratados de forma preconceituosa, sempre com um adjetivo negativo ou caricato para ilustrar a descrição dos personagens.
A verdade é que nem (pseudo)intelectuais sabem ao certo como fazer a mais difícil das atividades humanas que é a educação dos filhos. Ainda que despertar o interesse do filho pela sétima arte é uma atitude louvável ainda que com um risco aparentemente desnecessário, a formação humana que o pai tem não parece ser suficiente para criar um filho humanista. Ainda bem que os pais são apenas uma das fontes da formação de um indivíduo.
Com tudo isso, ou apesar disso tudo, é um belo livro que recomendo a pais e futuros pais, além dos filhos, claro. Deve ainda ser lido por amantes, amadores e profissionais do cinema. A experiência tratada no livro é um aprendizado e tanto.
PS. Os filmes vistos nas sessões de cinema entre pai e filho possuem clássicos americanos, europeus e claro os poucos canadenses memoráveis. Além de mostrar os bons filmes, pai e filho assistiram a Showgirls, de acordo com David, o pior filme de todos os tempos (porque ainda não havia estreado Segurança Nacional, eu acrescento). Os belos Os incompreendidos e Ladrões de Bicicleta estão entre os mais difíceis assistidos pela dupla. Também assistiram, entre muitos outros, A Doce Vida, O Exorcista, Instinto Selvagem, Os Reis do Iê, Iê, Iê, O Iluminado, O Poderoso Chefão e Amores Expressos. Uma parte dos filmes eu ainda não vi, outra parte dos recomendados tenho vontade de ver ou rever. Se alguém aí tiver Ladrões de Bicicleta, eu aceito de presente.
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2 comentários:
André,concordo sobre o livro. Ganhei de presente no ano passado, li e achei um pouco fraco e em alguns momentos com marcas de preconceitos. Sobre a relação pais e filhos, o livro poderia ter sido um pouco melhor. Mas, tudo bem, ficam os filmes como sugestões! Quanto ao seu blog, é a primeira vez que entro. Vi que postou no facebook sobre o filme "Bruna Surfistinha! Assisti na semana passada e achei que a Debora Secco trabalhou melhor do que eu esperava. Melhor ainda é poder assistir outro gênero de filme nacional que não comédia, policial ou espírita.
Olá, Sardinha,
agradeço a primeira visita ao meu blog, espero que tenha gostado e que visite outras vezes...
Quanto ao clube do filme, acho que a ideia era boa, mas o autor muito recalcado.
Ao contrário de Bruna Surfistinha, que me surpreendeu. Não é um filme estupendo mas é bom. E Deborah Secco, enfim, me convenceu enquanto atriz!
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