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sexta-feira, fevereiro 17, 2012

O Homem do Futuro


O maior mérito de O Homem do Futuro é comprovar que o Brasil tem cineastas de talento e que uma diversificação nos gêneros dos filmes é sempre bem vinda. É por este motivo que o filme do diretor Cláudio Torres, que já mostrou seu estilo em Redentor e A Mulher Invisível, agradou tanto público e crítica. Isso sem falar no apelo quase universal de “viajar no tempo para salvar uma vida”, no caso aqui, a do próprio protagonista viajante no tempo, Zero, interpretado, como era de se esperar, muito bem por Wagner Moura.

Para ver o trailer do filme clique aqui

É por isso que estão lá referência mais ou menos explícitas a outros filmes que tratam da questão como os óbvios De Volta para o Futuro, O Exterminador do Futuro, mas também podemos citar outros, como Efeito Borboleta, talvez sua maior fonte de inspiração. Acertadamente, o diretor percebeu que homenagear esses filmes seria a forma menos embaraçosa de não ser taxado de plagiador.

É bom também perceber que os efeitos especiais de O Homem do Futuro se não chegam a ser incríveis, pelo menos não são toscos. São razoáveis as “desmolecularizações”, bem feitos os planos em que Wagner Moura interpreta mais de um papel e aquele gigantesco prédio, num presente alternativo, também se mostra satisfatório. Mas é claro que Torres – filho de Fernanda Montenegro – sabia que um filme com orçamentos limitados precisa investir mais na história que nos efeitos especiais. Fato esse que fez um dos filmes citados – De Volta para o Futuro – ser o sucesso que foi.

Mas foi justamente nesse quesito que a trama quase desaba: o primeiro ato do filme é quase inteiramente chato, com um Zero alucinado, flashbacks em demasia e com aquele ofuscamento estranho. Contudo, isso não seria o pior. Assim que Zero viaja de 2011 para 1991 - para tentar impedir seu casinho fortuito com Helena (Alinne Moraes) que iria estragar sua vida para sempre – surgem várias tentativas de gags cômicas que em nenhum instante soam orgânicas à trama, ou engraçadas.

Outro problema mal resolvido é de como foi estabelecido o verdadeiro “eu” de Zero, em detrimento do lunático professor ou do inescrupuloso especulador. Mesmo sabendo da “fonte de inspiração” não consigo de deixar de achar aí uma grande falha no roteiro que condena, em parte, a sua grande reviravolta nos instantes finais do filme.

Salvam-se, ainda bem, o segundo e terceiro atos, quando a trama fica bem mais ágil, ainda que a maior parte se passe numa festa de faculdade. O maior destaque, contudo, é a única cena verdadeiramente impagável, quando na audiência no fórum Zero tenta se explicar ao seu (ex) melhor amigo. Nem Mr. Bean faria melhor.

Mas ainda sim, O Homem o Futuro, ainda que não seja excepcional, é sim um bom divertimento e uma amostra da nossa capacidade tupiniquim de fazer filmes em diversos gêneros. E talvez esse seja o seu maior legado e só por isso já merece se visto e lembrado.

Ah, sim... quase ia me esquecendo de duas coisas...

1) Claudio Torres foi hábil em colocar uma trilha sonora com INXS, legião Urbana, R.E.M. e Radiohead (essas últimas três estão entre as minhas bandas preferidas) como uma forma muito esperta – e quase sacana – em atrair o público na faixa dos 30-40 anos.

2) Mais alguém aí, além de mim e da minha esposa, achou que o papel do protagonista, sem menosprezar Wagner Moura, era perfeito para Selton Mello?

Direção: Cláudio Torres
Elenco: Wagner Moura, Alinne Moraes, Maria Luisa Mendonça, Gabriel Braga Nunes, Fernando Ceylão
Roteiro: Cláudio Torres
Origem: Brasil
Estreia: 2011

1 comentários:

André Alves disse...

PS. Que grande spoiler o cartaz do filme, não?

 
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