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sexta-feira, dezembro 23, 2011

Contágio


Soderbergh é um diretor considerado autoral e muito badalado, mas com apenas três filmes realmente interessantes, porém longe de serem fundamentais ao cinema (Sexo, Mentiras e Videotape, Traffic e Onze Homens e um Segredo). Em Contágio, ele mostra mais uma vez que a badalação em torno de sua aura não se justifica.

A premissa é a mesma de Epidemia – de 1995 com Dustin Hoffman e Kevin Spacey – mas ligeiramente inferior, e de uma infinidade de filmes catástrofes, flertando até com 2012, de Roland Emmerich. No entanto, ao apostar por uma direção mais crua esqueceu-se de que quem assiste a filmes com essa temática quer ver catástrofe e heroísmo. Contagio não tem nem um nem outro.

Também não tem, o que poderia se esperar de um elenco estelar, um bom desenvolvimento dos personagens. Marion Cotiilard, Kate Winslet e Gwyneth Patrow, por exemplo, entram e saem de cena quase como figurantes de luxo, comprovando um desperdício do talento dos artistas incorporados na empreitada.

Ao focar a história no esforço governamental e da medicina em buscar a primeira vítima e no desenvolvimento de uma vacina a epidemia causada por um vírus letal, muito superior ao H1N1, toda a carga dramática dos prováveis personagens principais fica à deriva. Quase não é possível estabelecer uma empatia por nenhum deles, ou porque não dá tempo de desenvolver o personagem ou por escolhas bobas do roteiro.

O personagem de Matt Damon quer evitar que sua filha se contamine com o vírus impedindo que ela se aproxime do namoradinho, mas antes disso vai ao mercado com a moça e poucas cenas depois quer realizar o funeral da esposa, a possível primeira vítima do vírus. Incoerente.

Incoerente também é Kate Winslet explicar ao seu chefe Laurence Fishburne conceitos básicos de epidemiologia. O detalhe é que Fishburne é um importante pesquisador médico que trabalha para o governo.

Para não dizer que tudo é fraco ou escolhas erradas, a grande força do filme está em mostrar as complexas situações que envolvem uma epidemia. E o risco de que um pânico irracional possa trazer muito mais caos a população do que o efeito devastador da epidemia em si. E nisso o jornalista blogueiro interpretado por Jude Law, que aparentemente é um dos mocinhos, se mostra mais um interesseiro querendo lucrar com a situação.

Mas enfim, Contagio é uma proposta de filme que por querer fazer tudo racionalmente esqueceu-se de que a emoção é o que toma conta de filmes-catástrofes, principalmente no caso de uma epidemia.

Direção: Steven Soderbergh
Elenco: Matt Damon, Marion Cotillard, Kate Winslet, Gwyneth Paltrow, Jude Law, Laurence Fishburne
Roteiro: Scott Z. Burns
Origem: Estados Unidos
Estreia: 2011

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