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domingo, maio 26, 2013

O Mestre

Paul Thomas Anderson assina o roteiro e a direção de O Mestre, um filme denso e estranho, mas com atuações espetaculares que rendeu três indicações ao Oscar 2013: melhor ator, melhor ator coadjuvante e melhor atriz. A história traz Freddie Quell (Joaquim Phoenix) veterano da 2ª. Guerra Mundial traumatizado, alcoólatra e viciado em sexo que encontra Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman, de Capote, Antes que o diabo saiba que você está morto), um tipo de guru que seus seguidores o chamam de mestre.

Sua seita, A Causa, é um misto de pseudo-ciência com truques de hipnose e muita simpatia, cujos muitos de seus princípios estão no livro escrito por Dodd, que possui o mesmo nome da seita.

Quell, quando encontra Dodd, é quase um animal fugidio, que não consegue estabelecer vínculos emocionais nem mesmo se manter em um emprego. Dodd vê nele uma espécie de cão de guarda, mas também um bom desafio ao tentar convertê-lo em seus dogmas.

O que parece ser uma história simples, embora truncada, vai se revelando aos poucos com matizes cada vez mais complexos, já que os personagens envolvidos na história parecem mostrar muito pouco do que realmente são. Alguns aspectos vão se revelando, outros permanecem para que a gente conclua, ou suspeite, mas sem termos grandes certezas.

Por exemplo, a fixação de Dodd em Quell parece ser que ele se reconheça como era antes de A Causa, pois em vários momentos sua simpatia dá lugar a arrogância e brutalidade quando questionado. Algo que é exatamente o contrário do personagem veterano de guerra, que raramente tem uma atitude de natureza que possamos chamar de realmente benevolente.

Amy Adams, que faz Mary Sue Dodd, esposa de Lancaster, tem olhos sempre lunáticos, mas várias vezes demonstra que, por baixo da pele de esposa submissa, existe uma personalidade extremamente autoritária que tenta fazer com que o marido nunca deixe o papel de guru. Em dado momento ela avisa que ele pode fazer o que bem quiser, desde que nem ela ou alguém que ela conheça fique sabendo de suas possíveis puladas de cerca. Também compõe os personagens dois filhos e um genro. O filho mais novo acredita piamente que o pai é um charlatão, a filha é extremamente dissimulada, enquanto o genro faz o tipo de perfeito seguidor: completamente cego aos sogros e à esposa.

Paul Thomas Anderson, como já tinha feito em Magnólia, abusa das metáforas para falar muito mais do que mostra. Ao retratar os anos 50 do pós guerra ele consegue explorar bem o niilismo que vigorava, juntamente com a paranóia da guerra fria, de uma pretensa necessidade de novas seitas e religiões (charlatãs e pseudo-científicas) e de um afloramento sexual na sociedade americana que iriam eclodir anos mais tarde.

Algumas passagens são oníricas e ao mesmo tempo contundentes que angustiam o espectador pelo que virá a seguir. Ainda que fiquemos com a sensação de seria ou foi mais intenso do que o mostrado.
Um exemplo é quando o mestre, com suas famílias e seus seguidores estão chegando a Nova Iorque num grande barco que parece, pelos enquadramentos escolhidos, prestes a colidir com a ponte. A cena que vem a seguir desnuda os personagens principais. Em outro momento, num delírio de Freddie Quell, todas as personagens femininas estão nuas. Cena essa que fará um sentido irônico no final da trama.

Uma sociedade doente, com pessoas doentes, em busca de afirmação e com necessidade de acreditar em algo novo. Essa é uma das camadas que podemos ver em O Mestre como um grande filme. Ainda que às vezes meio indigesto. Alento, aqui, somente para os fracos.


Título Original: The Master
Direção: Paul Thomas Anderson
Roteiro: Paul Thomas Anderson
Elenco: Amy Adams, Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman, Ambyr Childers, Amy Ferguson, Darren Le Gallo, David Warshofsky, Fiona Dourif, Jesse Plemons, Jillian Bell, Joshua Close, Katie Boland, Kevin J. O'Connor, Laura Dern, Lena Endre, Madisen Beaty, Patty McCormack, Rami Malek, W. Earl Brown
Origem: Estados Unidos
Estreia: 2012 – Estreia Brasil: 2013
Classificação: 14 anos


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