Google+ Cinema e Mídia: Documentário Puta porque sim!

Social Icons

twitterfacebookgoogle plusrss feedemail

terça-feira, fevereiro 02, 2016

Documentário Puta porque sim!

Conhecida erroneamente como a profissão mais antiga do mundo e uma suposta atividade da Madalena bíblica, a prostituição e suas profissionais ainda são, vergonhosamente, um tabu. Citada muitas vezes no cinema e na literatura: Pantaleão e as visitadoras, de Mario Vargas Llosa; Memórias de minhas putas tristes, de Gabriel García Márquez, parte da obra de Jorge Amado e por aí vai, há pouquíssimo espaço para discussão séria como o projeto de lei do deputado federal Jean Wyllys, cujo tema havia sido proposto anteriormente por Fernando Gabeira.
Da vida real no Brasil temos a Hilda Furacão, a Bruna Surfistinha, a atual Lola Benvenutti e a mais icônica, Gabriela Leite, que, ativista, gerou mesmo depois de sua morte, muita discussão e conquistas às profissionais do sexo. Monique Prada e Indianara Siqueira são duas profissionais que também são ativistas. Mas é comum receberem ataques nas redes sociais e espaços de discussão por pessoas em favor de uma tradicional família brasileira, mas também por alas do feminismo e de pessoas de esquerda que não tem a mente muito aberta, conhecidas no meio como esquerdomachos.
São por estes motivos que vale a pena assistir o documentário produzido pela jornalista Isabela Mercuri, como trabalho de conclusão de curso de jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT): Puta porque sim - Quando a prostituição é feminismo. Com entrevistas de prostitutas, pesquisadores, gestores as vozes às vezes são complementares, outras vezes discordantes, mas revelam o protagonismo delas. Em um trecho uma trabalhadora diz que começou a trabalhar porque o pai não queria uma filha “rapariga”, por estar grávida e não querer casar. Outra relata a insegurança por não conhecer os clientes. Uma terceira revela ainda que as vezes em que sofreu repressão foi por policiais.
Particularmente sou favorável a regulamentação da prostituição, pois isso ajudaria a elas (e eles, claro) terem acesso a aposentadoria e outros benefícios como ter uma comprovação de renda para gerir contas bancárias, entre outros motivos. Um outro lado é que a regulamentação poderia ajudar a combater o tráfico de pessoas, prática que acontece mais do que a gente supõe além de ajudar a diminuir o preconceito machista contra mulheres que encontram essa atividade como única opção após serem expulsas de suas casas.
Ou seja, a prostituição deveria ser uma opção de trabalho legítima e a reivindicação dessa condição é, sem dúvida, um ato de feminismo, porque como deixou registrado no título de sua biografia, Gabriela Leite era filha, mãe, avó e puta. Ou seja, ela era, antes de mais nada e como todas as outras, uma mulher.




0 comentários:

 
Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.