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domingo, agosto 13, 2006

Programas e celebridades

Quinta-feira (10 de agosto) no Jô Soares uma ex-garota de programa foi entrevistada pelo show-man em dois blocos. Ela foi divulgar o seu livro, que conta sua história (e as histórias de seus clientes). Não, não estamos falando de Bruna Surfistinha, que o pessoal do site No Mínimo ajudou a lançá-la na mídia (Surfistinha, que é ex-garota de programa, atualmente investe sua carreira como atriz - pornô). Mas voltando a outra garota, o nome dela é Vanessa de Oliveira.
Ela também deixou de ser garota de programa e atualmente é colunista num jornal de Balneário Camburiú (onde trabalhou ativamente) e descorre, claro, sobre sexo.
Nada contra as profissionais do sexo. Mas as duas meninas parecem deixar aberta mais uma porta para o atraente mundo das celebridades instantâneas, inaugurado pelos realities shows como BBB e No Limite, e também pelas maria-chuteiras, que vão atrás dos jogadores de futebol para terem o seu minuto de fama. As mais famosas dessas marias-chuteiras, provavelmente são todas as ex de Ronaldinho - O Fenômeno.

Triste é perceber os motivos que levaram as duas garotas (Bruna e Vanessa) ao mundo da Prostituição. Surfistinha alegou que foi por causa dos pais, austeros de mais para ela. Vinda do mundo da classe-média Bruna foi abraçada por parte da mídia como a doce menina riquinha que comeu o pão que o diabo amassou (sem trocadilhos, por favor). Como não convenceu o público, voltou ao mundo do sexo, desta vez como atriz. Isso é que é interpretação.
Já Vanessa é um pouco mais triste. Abandonada pelo companheiro e com uma filha de 8 anos para cuidar, precisava de dinheiro e foi virar prostituta (ops, garota de programa, deve ter uma diferença, não sei qual, mas deve ter). Para ganhar mais dinheiro, botava três anúncios nos jornais de Camburiú (para quem não sabe, uma das cidades que percentualmente mais tem prostituição). Cada anúncio para uma ´personagem diferente´ e que de acordo com a personagem escolhida pelo cliente o preço variava de 80 a 200 reais o programa. Ela confessou ao Jô (e também está em seu livro) que algumas vezes chegou a fazer até 13 programas por dia. Ou seja, esteve com pelo menos 13 diferentes homens num período de 24 horas. Isso é que é profissionalismo.

Mais triste ainda foi revelar seus métodos para ganhar dinheiro de otários. Não era difícil ela convencer o cliente em levar uma amiga ou até duas. O cara gastava o dobro ou o triplo mas não tinha o serviço que imaginara. Elas ficavam brincando, enrolando, fazendo passar o tempo. Aí, ou o cara pagava mais ou elas iam embora apenas tendo atiçado ainda mais a libido do rapaz. Parecia uma aula de como ser uma garota de programa de sucesso e preservar o material de trabalho (se é que me entendem).

Bom, mas Vanessa também tem mais a oferecer aos leitores (e pelo subtendido é o enredo do livro) conta os casos esdrúxulos dos clientes, desde os mais bizarros até o solitário coroa que desembolsou 1400 reais pela companhia dela. Conversas e almoço em um restaurante. Como é deprimente a solidão masculina.

Puta por puta (ops, garotas de programa), aplauso a iniciativa da ong das prostitutas de rua que fundaram a Daspu (ainda mais com o delicioso trocadilho com a loja de luxo dos bacanas). Se as garotas de luxo estão com uma duvidável aura de celebridade, as da rua, tornadas famosas por escritores como Jorge Amado, estão no limbo. Elas sim vem de vidas difícil, sofrem com os clientes, com a polícia, com os gigolôs, amargam uma vida difícil e como não conseguem juntar dinheiro suficiente para uma aposentadoria, são jogadas ainda mais na sarjeta depois dos 35, 40 anos.

Enfim, acredito que se alguém queira conhecer um pouco mais sobre essas ´profissionais´ ao invés de ler os livros das famosidades como Surfistinha ou Vanessa, vão atrás de um livro de antropologia urbana, que já deve ter uns 20 anos entitulado a Família da Prostituta. Aí sim, um retrato da miséria (em todos os sentidos), que é o normal da vida dessas meninas.

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