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sexta-feira, setembro 01, 2006

Garotas do ABC

Garotas do ABC é um fime único. Retrata o cotidiando das operárias do ABC (aqui simbolizada numa tecelagem) e de como suas vidas cruzam com questões como violência, racismo, ganância, desejo, sindicalismo, sonhos. Cada uma das personagens femininas representam, de certa forma, um estereótipo (a virgem sonhadora, a recatada, a atiradinha, a drogada, a prostituta, a trabalhadora e a feia) mas dirigido de uma forma interessante, que não avacalha com nenhum dos tipos descritos.

Os personagens masculinos também tem alguns estereótipos (o sindicalista meio interesseiro, o jornalista que mantém contatos com bandidos, os bandidos, o covarde que quer ser valentão, o valentão, os brutamontes sem cérebro e o cara que é meio maria-vai-com-as-outras), mas a história do filme, no final se revela muito humana, muito honesta, muito possível.

Bom, o que interessa no filme é o cotidiano de uma classe pouco divulgada, um meio termo entre os miseráveis normalmente retratados em filmes como Cidade de Deus, Cidade Baixa, Contra Todos e Amarelo Manga e a classe-média. É um filme honesto porque quase tudo nos parece familiar, como se a história, de repente, pudesse ter acontecido em qualquer cidade de médio ou grande porte, com fatos realistas e desfecho realista. Pode até não ter cenas de grande impacto (ou porque o diretor Carlos Reichembach sabia de sua limitação ou porque queria que o impacto ficasse mesmo no terreno da idéia e não da ação), mas o resultado é estupendo, assim como o destino de alguns dos personagens, como a da velhinha do buteco ou da própria protagonista Aurélia Schwarzenega, interpretada com maestria pela estreante Michelle Alves. Não dá pra não mencionar também o strip-tease invertido com essa morena, que abre o filme. Moralistas acharão a cena desnecessária, mas uma análise mais rigorosa justifica a cena.

Vale a pena também o destaque de Selton Mello como o vilão da história, um personagem enérgico e sem maneirismos. (Selton Mello, Lázaro Ramos, Wagner Moura e Matheus Natchergaele são a cara do novo cinema brasileiro. É uma pena que não tenhamos ainda a mesma quantidade de representantes do sexo feminino).

A única exceção que faço ao filme é a forma como foi retratado o clube Democrático, reduto onde as operárias iam curtir seu descanço. Muito forçado a caracterização do clube com a Fafá de Belém deslocada, fazendo uma pontinha. Soul era o ritmo que tinha no baile. Estranho, mesmo que em 2003 houvessem alguns cantores tentando reviver o ritmo, mas o pagode estava no canto do cisne e o funk estava estourando. Por pior que sejam esses ritmos, seria mais realista, como é o filme num todo.

Nota 08

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