VIPs

Pegue uma história interessante, um produtor de primeira (Fernando Meirelles), um roteirista incrível (Bráulio Mantovani) e um dos melhores atores do Brasil de todos os tempos (Wagner Moura) e o resultado é.... um filme que não consegue crescer apesar de todo seu potencial.

E é mesmo uma pena porque era impossível até não compará-lo (antes de ver é claro) com o divertido Prenda-me Se For Capaz, de Steven Spielberg, com Leonardo DiCaprio e Tom Hanks. Mas ao contrário de seu antecessor ianque, Vips não consegue decolar (perdão do trocadilho já que em ambos filmes os falsários se passam por pilotos) porque embora tenha uma certa leveza, não consegue se decidir se é drama, policial, aventura, comédia, ou fantasia. E por não conseguir se decidir, não faz nada direito, inclusive dividindo a história em duas tramas paralelas.

Na primeira parte vemos um jovem Marcelo (mais um bom papel de Wagner Moura) que decide virar aviador. O que não fica muito claro é porque diabos ele tem que fugir de casa para isso. Não convence. Mas é interessante ver a parte policial em que de ingênuo o impostor dedicado aprende a pilotar e passa a ser um respeitado piloto – a serviço do tráfico de drogas.

Mas na segunda metade da história o piloto narcotraficante se transforma automaticamente em um idiota que se resolve passar como um dos donos da Gol Linhas Aéreas. Sim, desde o início a trama mostra que o personagem de Moura é um sonhador, mas seu personagem era um sonhador esperto que passa a ser um alucinado num piscar de olhos.

E o fato de história se basear em fatos verídicos é o que torna ainda mais difícil de crer em um personagem tão inteligente em alguns momentos e tão bobo em outros. E é justamente essa inconsistência que parece ter pesado na sala de edição de um filme: de um lado seus realizadores querendo fazer um filme interessante e autoral, que é a história de um sonhador que vai pra marginalidade. De outro lado, a produtora querendo fazer seu filme render mais com a história do cara que engana o Amaury Jr.

O filme VIPs, por essa incongruência soa como uma pessoa onde cada perna tenta ir para um lado e não sai do lugar.

Direção: Toniko Melo
Elenco: Wagner Moura, Gisele Fróes, Norival Rizzo, Roger Gobeth, Jorge D’Elia
Roteiro: Bráulio Mantovani e Thiago Dottori
Origem: Brasil
Estreia: 2010