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quinta-feira, setembro 01, 2011

Planeta dos Macacos: A Origem


Fui pouco ao cinema este ano, mas, nem por isso, a frase que vem a seguir deixa de ser menos verdadeira. Planeta dos Macacos – A Origem é o melhor filme que vi este ano no cinema. O quase estreante diretor Rupert Wyatt acerta ao trazer a história de César (Andy Serkis, melhor que em King Kong ou na trilogia de O Senhor dos Anéis) um macaco com DNA alterado que almeja encontrar um lugar no mundo.

Ainda que seja travestido de um filme de ação, é a jornada de César que realmente cativa, onde os demais personagens dão suporte a história, ainda que alguns não tão bem como deveriam. A interpretação de James Franco como o cientista Will Rodman é contida, mas John Lithgow (que já tinha brilhado na série Dexter) como seu pai,Charles, enaltece todas as cenas em que está presente. Já a indiana descendente de portugueses, Freida Pinto (de Quem quer ser um Milionário e Você Vai Conhecer o Homem de Seus Sonhos) é quase um bibelô, já que não cria uma química com seu namorado e é dispensada nos minutos finais da trama numa cena quase descartável.

Mas voltando ao César. Além da elogiosa atuação de Andy Serkis e da tecnologia empregada para criar os macacos digitais, a personalidade do chipanzé é desenvolvida aos poucos e de forma sempre consistente. Sua mãe foi capturada nas selvas da África e é morta tragicamente, tentando defender seu filho, no laboratório onde Will desenvolve um vírus para a cura do Alzheimer, em que os macacos são cobaias. Will adota César e percebe que ele tem uma inteligência superior aos humanos em seus primeiros anos. Inteligência essa que foi repassada geneticamente pela sua mãe, que recebeu o tal vírus. E é essa mesma inteligência que o faz se questionar sobre o que ele é e qual o seu lugar no mundo. Por ser diferente e após um incidente envolvendo o vizinho ele é recolhido a um centro de recolhimento de macacos. Nessa “prisão” ele se descobre enquanto ser e almeja a liberdade dos seus semelhantes.

Além das muitas referências à série inicial, principalmente ao primeiro episódio, é possível encontrar várias outras fontes de inspiração em outros filmes do mesmo gênero e até de alguns clássicos. Nova Iorque aparece retratada enquanto ainda jovem César monta uma estátua da liberdade de brinquedo e já nos créditos finais, quando é sugerido o que está por vir numa provável e merecida continuação. A frase imortal de Charlton Heston “Tire suas patas imundas de mim, seu macaco sujo e maldito!” é citada por outro personagem, assim como ele mesmo aparece rapidamente na TV. E em outra cena de TV é mencionada a partida da nave que é a premissa do original de 1968.

A inspiração em outros filmes também é percebida no próprio questionamento de César sobre quem ele é e qual o seu papel nesse mundo. Tema esse recorrente de Frankstein a X-Men, além da fuga da “prisão”, tema que ficou clássico com Papillon e Alcatraz - Fuga Impossível, por exemplo.

E mais ainda que a atuação e as referências, sempre sóbrias e justificadas, algumas sutilezas do personagem principal tornam esse blockbuster em uma produção memorável. Vou citar só algumas. Em certo momento, o primata recusa a coleira e ir no porta-malas do carro de Will e senta-se no banco de trás. Quando é “preso” ele se decepciona ao ver que o lugar onde ele está é artificial e logo em seguida, em sua “sela”, ele desenha com giz a janela do sótão da casa onde morava, tentando recriar um ambiente reconfortante. Em outra cena, quando César solta o gorila de sua jaula e ele inicialmente reluta em sair do seu espaço mostra-se como a crueldade dos homens impôs medo e conformismo a um bicho daquele tamanho ao mesmo tempo em que argumenta o porquê da fuga ainda não estar pronta para ser realizada. Isso sem falar no chipanzé que depois de inúmeras experiências como cobaia, ilustrada magistralmente por suas cicatrizes no rosto e pelos olhos deformados, que desenvolve um impulso de vingança, servindo para mostrar a “superioridade” de César que, além de seus genes alterados, foi criado num ambiente familiar agradável.

Enfim, ainda que não seja uma obra-prima, deve se tornar um clássico, ainda que tenha algumas (poucas) falhas no roteiro, como quando o assistente de Will o procura em sua casa, o que devido ao seu estado físico seria de imaginar que deveria ao menos ter telefonado antes. Ou quando em algumas cenas, embora visualmente bem elaboradas, parecem que os símios têm o peso de uma pluma.

Ainda sim, é um ótimo filme que vai superar as expectativas de quem está em busca de algo mais do que um simples entretenimento. Pois não há mocinhos e bandidos e sim questionamentos morais e éticos.

Direção: Rupert Wyatt
Elenco: James Franco, Andy Serkis, John Lithgow, Freida Pinto, Brian Cox, Tom Felton, David Oyelowo, Jamie Harris, Tyler Labine, David Hewlett
Roteiro: Rick Jaffa e Amanda Silver
Origem: EUA
Estreia: 2011

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5 comentários:

André Alves disse...

Não citei O Planeta dos Macacos, de Tim Burton, porque ele tem outra premissa e outra lógica que não tem nada a ver com este ou com a série original.
Mas só pra constar, apesar de muitos críticos, eu gostei da originalidade encontrada por Burton e da interpretação incrível de Tim Roth!

Anônimo disse...

Outra falha que eu percebi: quando a namorada do cientista, o "pai" de César, conhece o símio, ela diz que, quando crescer, será poderoso e, se não me engando, inteligente (ou algo assim). Como ela sabia?

VINÍCIUS BORGES

André Alves disse...

Ela disse que Cesar poderá se tornar perigoso e não inteligente. Disse por ser veterinária especialista em primatas. Essa não foi falha, meu amigo!

Anônimo disse...

Faz tempo que eu não vinha aqui. Alguns reclamaram do gorila pulando no helicóptero. Eu só não entendo duas coisas: pra que atravessar tantos vidros e pq Caesar tão alto?
Mas o filme é merecedor de aplausos.
Augusto

André Alves disse...

Salve, Augusto. Seja bem vindo de volta.
Pois é. O César alto talvez por seu dna alterado desde antes do seu nascimento.
Já os vidros são efeitos que Hollywood gosta, afinal é um blockbuster, mas fazer o que? Acho que as qualidades do filme são maiores que seus tropeços.

 
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