A história é aquela de sempre. Família fica refém de bandidos em sua própria casa. Mas um filme dirigido por Joel Schumacher e estrelado por Nicolas Cage e Nicole Kidman nos faz ter sérias dúvidas se o que iremos assistir é bom ou ruim. Isso porque esse trio é danado de fazer bons filmes, mas também de dirigir ou protagonizar bombas homéricas.
Antes de falar do filme em si, vou explicar melhor o que disse. Schumacher é o cara que fez os bons Tempo de Matar, Um Dia de Fúria, Por um Fio, os medianos Número 23 e 8 Milímetros e as bombas Batman & Robin, Batman Eternamente. Nicole Kidman se deu bem com Os Outros, Moulin Rouge - Amor em Vermelho, Mulheres Perfeitas, Dogville mas também fez A Feiticeira e Reencarnação.
Já Nicolas Cage é mais emblemático. Consegue atuar em produções podres como Fúria Sobre Rodas, O Vidente e O Sacrifício. Os fracos Caça às Bruxas, 60 Segundos e O Aprendiz de Feiticeiro, os divertidos Kick-Ass - Quebrando Tudo, O Senhor das Armas, A Outra Face e A Rocha mas também ótimos filmes como Vício Frenético, Adaptação, Despedida em Las Vegas, Arizona Nunca Mais e Asas da Liberdade. Ou seja, o trio oscila muito para ser referência de sobre seus filmes.
Contudo, Refém consegue ficar na média. Não é um lixo total, mas também não é bom o suficiente para valer o ingresso do cinema. Melhor esperar pra ver na TV. O grande problema do filme é que por ter um fiapo de história, é preciso carregar no suspense para nos entreter por 90 minutos. E aí que entra as maiores falhas. A família composta por Cage, Kidman e a promissora Liana Liberato, de Confiar, está em crise de relacionamento. Os bandidos, dois irmãos, a esposa de um deles e um cara mais barra pesada parecem ser profissionais, mas logo demonstram um amadorismo surpreendente. E é esse amadorismo que começa a jogar coisas no ventilador.
Se já é inverossímil imaginar que um pai de família seja insano ao ponto de negar o pedido dos bandidos de abrir o cofre da casa, fica quase surreal quando ele começa a negociar com eles. Mais ainda quando eles aparentemente sabem que tem muito pouco tempo para efetuar o serviço e não tentem, de uma vez, uma atitude mais intimidadora, preferindo conversar e inventar motivos falsos e sentimentalóides para estarem ali. Só faltou uma musiquinha de piano ao fundo.
Mais bobo ainda é no clímax da história, quando a gente descobre (tem que ter reviravoltas, né?) o real motivo daquilo tudo e percebe que não podia ser mais tolo do que qualquer coisa. Mas não peca só nisso. Com tão poucos personagens, o roteiro consegue criar outras situações desnecessárias que enfraquecem ainda mais a trama. Uma delas se refere às fotos que o personagem de Nicolas Cage está olhando no início do filme. Elas são reveladas perto do fim. Mas a pergunta que surge é: E?
Assim como a filha do casal que toda hora sai e retorna a casa, a história fica indo e vindo e repetindo flashbacks que servem para enganar o espectador que acha que o final será satisfatório. Infelizmente não, mas com tantos tropeços no roteiro, o final pelo menos faz jus a todo o resto da trama.
Bandidos que fazem família de refém é quase um subgênero de filmes de suspense. Bem conduzidos são bons como é o caso de O Quarto do Pânico, Violência Gratuita e Sob Domínio do Medo (o original, com Dustin Hoffman). No caso de Reféns está mais para Firewall, com Harrison Ford, onde na falta de um roteiro bom usa-se atores famosos, mas em decadência para tentar garantir alguma bilheteria.
E olha só que metáfora. Mas só leia se você já viu o filme.
Nicolas Cage interpreta Kyle, um homem falido que desesperadamente tenta ficar com alguma grana. Cage gasta mais do que ganha com extravagâncias e faz um filme atrás do outro para manter sua excentricidade. Nicole Kidman é igual a bijuteria que brilha como diamante mas não tem muito valor. E o diretor Joel Schumacher é similar ao personagem Jonah Collins, interpretado por Cam Gigandet, um canastrão metido a galã que fez o sofrível Padre. Acha que tá fazendo algo incrível, mas é uma bobagem atrás da outra.
Direção: Joel Schumacher
Elenco: Nicole Kidman, Nicolas Cage, Liana Liberato, Cam Gigandet
Roteiro: Karl Gajdusek
Origem: Estados Unidos
Estreia: 2011
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