Atualmente a epidemia da AIDS está em tendência de queda assim como a medicação com retrovirais garante uma sobrevida importante aos soropositivos, sendo quase uma doença crônica. Mas essa não era a situação em 1993 quando Filadélfia, dirigido por Jonathan Demme (O Silêncio dos Inocentes) foi lançado.
Tom Hanks ganhou o Oscar como melhor ator pela sua magnífica atuação como Andrew Beckett, um jovem e promissor advogado que foi despedido de uma poderosa firma por ser homossexual soropositivo. Andrew contrata Joe Miller (Denzel Washington) para processar a firma, o que este reluta no início devido a sua ignorância sobre a doença e seu preconceito contra homossexuais.
Apesar de ser tipicamente um filme de tribunal, Filadélfia, consegue extrapolar o mundo jurídico e se tornar universal ao tocar em várias feridas. Em certo momento o juiz, interpretado por Charles Napier interpela Denzel Washington dizendo que no local do julgamento não há distinção entre raça, credo ou orientação sexual, ao que o perspicaz advogado responde que infelizmente ninguém vive em um tribunal.
O filme mostra a decadência física do jovem Andrew, que apesar de tomar os remédios para controlar os sintomas da AIDS, foram agravados pela situação estressante do trabalho e depois pelo próprio processo em andamento. Essa decadência física foi fundamental para fazer um paralelo emocional e racional sobre o preconceito besta e irracional que paira sobre a maioria das pessoas.
Mesmo debilitado, Andrew não desiste de processar a firma que o despediu, pois o fato de ser gay ou portador de HIV não impedia de executar seu trabalho e que nem mesmo o avanço da doença o desviava de suas convicções. Mas mais do que tudo Andrew não era somente um advogado gay portador de HIV, era também companheiro de Miguel (Antonio Banderas), tinha pais, irmãos, amigos, sobrinhos. Era um ser humano, afinal de contas, como qualquer outro e que merecia ser visto como tal.
E é isso que percebe o próprio Joe Miller, um advogado oportunista e midiático, popularmente conhecido como “o cara da TV”. Primeiramente ele reluta em aceitar o caso de Andrew por ser homofóbico e ignorante sobre as formas de contágio da AIDS, mas aceita o caso por acreditar que uma lei foi violada – ou talvez, por ser negro, entendesse o que é ser vítima de preconceito. Com o tempo ele passa a tolerar Andrew e outros gays até que chega o momento em que ele simplesmente respeita a escolha sexual de seu cliente.
E talvez seja essa a grande lição do filme: não do ganho da causa, não da dor por perder uma pessoa por uma doença, mas o de aprendermos aceitar as diferenças de cada um.
Título Original: Philadelphia
Direção: Jonathan Demme
Elenco: Tom Hanks, Denzel Washington, Roberta Maxwell, Karen Finley
Roteiro: Ron Nyswaner
Origem: Estados Unidos
Estreia: 1993
2 comentários:
Muito bom esse filme, assisti-o a muito tempo, no facebook falei só da brilhante atuação do Tom Hanks, mas o Denzel Washington também esteve ótimo na pele do "cara da TV".
Sobre o motivo que o levou (o cara da TV) a aceitar defender o Andrew foi mais por saber como é sofrer algum tipo de preconceito do que pela lei ter sido violada.
bjus
Oi querida! De fato Washington deu um show também, como de costume, né?
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