Depois de quase dez anos de seu lançamento resolvi revisitar “Lilo & Stitch”, que para mim é (sei que vou desagradar muitos puritanos, mas que seja) a melhor produção da Disney antes de comprar a Pixar. Uma das coisas que percebi é que gostei ainda mais desta vez que vi do que das inúmeras vezes anteriores.
Uma das coisas que logo chama a atenção é esse excelente mix de ficção científica, aventura, comédia e drama, fazendo com que diferentes públicos de faixas etárias distintas se interessem pela história do ET malvado que procura abrigo numa família incompleta.
Diferente da grande maioria das produções anteriores da Disney, aqui não há reinos, não há princesas que sonham com uma vida de luxo. Stitch, o ET, dublado pelo próprio diretor e roteirista Chris Sanders, foi criado para ser uma máquina destrutiva que, fugindo do exílio, cai acidentalmente no Havaí e é “adotada” por Lilo, uma menina criada pela irmã mais velha após perderem os pais num acidente de carro.
O começo e o fim da história, que é do ET se transformando de vilão a herói é ágil e universal, mas o entremeio é bastante denso e sofisticado. Lilo é uma havaiana nativa, pobre (as coleguinhas da escola de Hula tem barbies e ela tem uma boneca de pano que ela mesma fez; mora num morro; a rua de acesso não tem asfalto) e tentando se recuperar do trauma de perder os pais. A irmã, Nani, trabalha de noite como garçonete e cria a irmã e mesmo após ser despedida nunca perde a esperança.
Além do Sticht que apronta muito – na verdade é alguém que quer se encontrar no mundo, encontrar sua família como no conto O Patinho Feio – Nani ainda tem que provar à Assistência Social que é capaz de cuidar da irmã e evitar que Lilo seja levada a um orfanato.
No fim, claro, depois de muitas aventuras tudo dá certo, como é de se esperar de desenhos infantis. Mas a mensagem que passa é muito mais grandiosa que a maioria das produções do gênero. E mesmo que tenha alguns alívios cômicos com a improvável dupla Dr. Jumba e o agente Pleakley que tentam prender Stitch, além da formidável trilha sonora criada por Alan Silvestri com músicas com temáticas havaianas e muito Elvis Presley em versões originais ou regravações, é impossível não se emocionar.
Vale reforçar que os roteiristas e diretores Chris Sanders, Dean DeBlois fizeram o também excepcional Como Treinar o Seu Dragão, pela Dreamworks. Com um dragãozinho que muito lembra o Stitch, a dupla aborda outro tema bastante delicado com bastante empenho: a deficiência física.
Lilo & Stitch é uma bela fábula sobre se encontrar e (re)construir Ohana, que quer dizer família. “E família quer dizer nunca mais abandonar ou esquecer!”
Direção: Chris Sanders, Dean DeBlois
Elenco: Tia Carrere, Kevin McDonald, Ving Rhames, Daveigh Chase, Chris Sanders
Roteiro: Chris Sanders, Dean DeBlois
Origem: Estados Unidos
Estreia: 2002
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