O sonho de todo pai é dar uma vida melhor que a sua para seus filhos. Essa motivação universal é o que move também Carlos Galindo, interpretado de forma bastante comovente pelo mexicano Demián Bichir, que lhe valeu merecidamente uma indicação como melhor ator no Oscar desse ano. Imigrante ilegal nos Estados Unidos, ele trabalha todos os dias como jardineiro para criar sozinho seu filho adolescente, que está trilhando perigosamente para as violentas gangues das ruas de Los Angeles.
Sua vida parecia estar fadada a ser essa mesma, bastante difícil, mas a julgar pelo o que o personagem diz, melhor do que era no México, até que seu patrão lhe faz uma proposta tentadora: comprar sua caminhonete, transformando-o num profissional autônomo. No entanto ele não tem o dinheiro para comprar o veículo e por estar ilegalmente no país, não possui carteira de habilitação. Mas o sonho de dar uma vida melhor a seu filho fala mais alto. Pede dinheiro emprestado a irmã e ele começa a vislumbrar a solução para a sua vida.
Carlos só não contava ter sua caminhonete roubada pelo seu funcionário recém contratado e aí nós acompanhamos o desespero de um trabalhador em recuperar o que é seu de direito e a amargura de um pai que não quer falhar com o futuro de seu filho. Embora os temas sobre imigração e as gangues sirvam como base à história é sobre essa necessidade que se trata o filme.
Um tema que poderia facilmente trilhar o caminho do piegas, consegue ser drástico e esperançoso na medida certa nas mãos do diretor Chris Weitz. Logo ele, que tem em seu currículo um filme interessante como Um Grande Garoto, mas também outros mais fracos como o remake de O Céu Pode Esperar e American Pie. É dele também A Bússola de Ouro e Lua Nova, série Crepúsculo.
Claro que o talento de Demián Bichir é particularmente importantíssimo ao filme, que dá o tom certo ao personagem que busca ensinar valores morais e éticos ao filho ao mesmo tempo em que ele tem que cometer várias infrações para sobreviver. O ator José Julián, que faz seu filho, Luis, também consegue dar a naturalidade de um adolescente que tenta renegar não só seu pai, mas toda sua cultura mexicana, em busca de auto-afirmação. Com o infortúnio do pai, Luis se une a ele em busca da caminhonete, e eles podem, enfim, se conhecer um pouco mais, estreitando a relação, ainda que o destino trilhe para uma provável separação.
Outra grande qualidade do filme é mostrar que mesmo sendo uma produção estadunidense, é a visão dos imigrantes que impera. Em várias cenas isso fica bem acentuado. Vou destacar, contudo, apenas duas: Logo que seu veículo é roubado, enquanto trabalhava numa região chique de Los Angeles, Carlos parte em busca dele até chegar a uma rua em que avista um carro da polícia. Ele olha para a viatura e o que poderia ser a sua salvação é o seu momento de resignação, já que ele está ilegalmente no país. Em outro momento, seu filho é detido por causa de uma briga na escola e os policiais logo desconfiam de ele pertencer a uma gangue pelo simples fato de ser mexicano.
Como disse o próprio Carlos se referindo aos Estados Unidos: “Essa é uma terra de sonhos, mas também pode ser um lugar muito difícil, um lugar cruel”.
E quem há de duvidar?
Trailer
Título original: A Better Life
Direção: Chris Weitz
Elenco: Demián Bichir, José Julián, Eddie 'Piolin' Sotelo
Roteiro: Eric Eason
Origem: Estados Unidos
Estreia: 2011
0 comentários:
Postar um comentário