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sexta-feira, agosto 25, 2006

Cama de Gato

Cama de Gato está entre os filmes mais perturbadores produzidos no Brasil nos últimos anos. De 1992, marca a estréia do diretor Alexandre Stockler e é feito dentro do movimento TRAUMA (Tentativa de Realizar Algo Urgente e Minimamente Audacioso), uma versão abrasileirada do movimento Dogma. Logo, você pode concluir que é um filme sem muito recursos de produção. Na verdade, custou apenas 13 mil reais e nenhum ator cobrou cachê.
O enredo do filme é uma crítica social aos filhinhos de papai classe-média. Aqui, três jovens (entre eles Caio Blat) discutem os problemas do Brasil e do mundo, pensam no futuro, na vida, mas sabem que a vida deles é vazia, sem muito para oferecer. Algo natural, diriam até, alguns pensadores. Numa dessas tentativas de fazer algo, os caras resolvem fazer uma ´brincadeira´ com a namoradinha do personagem de Caio Blat. Quem já ouviu falar do filme, sabe que estou falando da cena do estupro. A brincadeira então dá errada e a cada tentativa de resolver a questão os problemas só vão aumentando.

Só esta história em si já seria motivador o suficiente para o filme. Entretanto, para quem vir Cama de Gato em DVD e não descartar os Extras, saberá que os desdobramentos do roteiro fora feito a partir de entrevistas com jovens e adolescentes classe-média. Aí reside o lado mais perturbador. Saber que algumas das idéias não saiu necessariamente da cabeça do roteirista, mas de respostas da mente vazia de gente fútil (Será que é esse vazio que promovem os caras que tacaram fogo em índio Pataxó em Brasília, que matam calouros em universidades ou criam Suzanes?)

Mas é pena que pára por aí.

Pessimamente produzido (precisei ficar aumentando e abaixando o volume da televisão para entender alguns diálogos) e tirando o ator global, os outros atores são terrivelmente medíocres, o que enfraquece, consideravelmente, a trama. Além disso,o diretor Alexandre Stockler querendo ser revolucionário, mistura algumas técnicas de direção e o resultado não sai tão bem quanto o desejado.

Exemplo: na maior parte do tempo o filme se aproxima de um documentário, mas no terceiro ato, os atores começam a olhar para a câmera, como que buscando a compreensão ou o auxílio do espectador. Nada contra o recurso (bem usado, funciona, Curtindo a Vida Adoidado é o melhor exemplo), mas aparecendo quase no final do filme, parece que o diretor já não sabia pra onde ir.E o desfecho da história, então. Ai. Fiquei durante alguns minutos imaginando alguma profundidade, pensando, mas será que não entendi? É, fiquei pasmo. Desmerece tudo o que antecede. Apesar de todos os seus tropeços narrativos e de direção, merecia um final melhor.

Nota 05

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