Google+ Cinema e Mídia: O Assassinato de um presidente

Social Icons

twitterfacebookgoogle plusrss feedemail

domingo, outubro 15, 2006

O Assassinato de um presidente

Apesar do péssimo título que o Brasil deu a The Assassination of Richard Nixon, não se deixe enganar. É um filmaço, cujo título original já demonstra. Como Nixon não foi assassinado*, sabemos que o filme é uma tentativa e não uma execução.

Sean Penn, que ganhou minha simpatia com o ótimo Sobre Meninos e Lobos, com Tim Robbins e Kevin Bacon e dirigido pelo espetacular Clint Eastwood, mostra que é um homem maduro e não aquele moleque que batia na Madonna (sua ex-mulher) na época de sua revelação em Picardias Estudantis.

Neste filme, Penn faz o papel de um homem comum (Samuel Bicke), incomodamente comum que, apesar de ingênuo ao extremo e honesto o suficiente, quer se dar bem na vida abrindo um negócio com seu amigo negro nos anos 70.

Separado de sua mulher, é um homem derrotado que ainda tem esperança de reconquistá-la e é vendedor de uma loja de móveis, depois de ser despedido por seu irmão, que tem uma loja de pneus. A época vivida é um dos piores momentos dos EUA pós-ressaca do Vietnan.

A dualidade moralismo X capitalismo incomoda o homem no período do nascimento dos livros de auto-ajuda e que livros como o Maior Vendedor do Mundo e congêneros são coqueluche de quem quer se dar bem da vida. O que lhe incomoda é que honestidade da teoria não combina com a malícia da prática do mundo das vendas. Incomoda, por exemplo, o fato que o mundo dos negócios diz que ser honesto é falar para o cliente que o preço mínimo de um produto é X, sendo que se o cliente barganhar conseguiria um preço de 15% e ainda sim a loja teria um bom lucro. Incomoda a ele também a loja em que ele trabalha tolerar que homens casados tenham amantes, mas não que sejam divorciados. Incomoda que a política americana afirme que não é rascista mas segregue os negros.

Nesse mundo de discursos falsos e práticas nefastas, de acordo com a integridade do herói, muitas coisas lhe incomodam. Com tantas desilusões, aliadas ao fato de ele ser um homem fraco, seu desespero em querer ser bem sucedido com honestidade vai se transformando em paranóia até que ele comete alguns atos de desespero.

Não, estes atos não são tentar matar Nixon, mas ao perder todos os seus sonhos, em sua paranóia, já quer ser apenas reconhecido. Joga todos os seus fracassos no presidente e quer puni-lo pela vida medíocre que o american way of life lhe impôs.

A trajetória de como um homem comum se torna num assassino potencial é um tema delicado, produzido de forma peculiar que resulta num drama de primeira. Recomendado para aqueles que sabem ou apenas sentem que os Estados Unidos representa um pesadelo e não um sonho.

* Nixon morreu velho, em 1994, aos 81 anos

Nota 10

1 comentários:

Alguém do Mato disse...

Dedé!
Assisti um filme aqui em sampa que me deixou sem dormir!
Taxidermia!
Horripilantemente desconcertante...
Ou estou ficando doida ou o cinema alternativo pirou de vez.

 
Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.