Não gosto de Daniel Filho nem como ator nem como diretor mas ele me convenceu com Tempos de Paz. Adaptado pelo próprio Bosco Brasil* a partir de sua peça de teatro “Novas Diretrizes em Tempos de Paz”, a produção simples e emocionante é um achado em termos de profundidade da história dentro da Globo Filmes.
Com um minúsculo elenco global e uma atmosfera independente Tempos de Paz mostra que basta uma direção coerente, um roteiro bom e atores certos para um filme ser bom. Claro que não é fácil assim e este filme não tem apelo comercial o que geralmente é um risco para quem vai produzir e dirigir.
A história de pouco mais de 80 minutos gira no interrogarório em que Segismundo (Tony Ramos) esta interrogando o polonês Clausewitz (Dan Stulbach) que havia acabado de aportar no Brasil e precisava de um salvo-conduto para poder ficar por aqui. Segismundo e Clausewits estão num momento de transição de suas vidas. Um quer recomeçar sua vida após a segunda mundial e outro achar seu lugar no mundo quando Getúlo Vargas adota uma linha mais branda em sua ditadura.
Os demais personagens do filme são quase que dispensáveis já que toda a força reside no diálogo entre Stulbach e Ramos que buscam algum tipo de redenção. Uma experiência divertida entre dois atores e um cenário também foi bem feita com Reinaldo Gianechini e Paola Oliveira com o eficiente “Entre Lençóis”. Outros filmes com essa dramaticidade e dois atores bem sucedidos que me lembro são “O 24º Dia”, com James Marsden e Scott Speedman e “Um Jogo de Vida ou Morte”, com Michael Caine e Jude Law.
É gratificante ver filme brasileiro que não é policial nem comédia pastelão… Somos bons em fazer filmes. Diretores e atores já sabem. Só falta o público perceber…
* Apesar do bom roteiro do filme, Bosco Brasil é o responsável pela novela global Tempos Modernos, muito provavelmente a pior novela já produzida pela emissora.
Nota 8,5
domingo, junho 27, 2010
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