Besouro é quase um filme assim como seu personagem principal é quase um herói. Apesar da boa idéia de ter um filme de herói brazuca a direção do estreante João Daniel Tikhomiroff se perde ao mostrar que ele não sabia certo o que queria fazer.
Se queria um filme épico, como parecia mostrar a narração inicial em off, faltou grandeza. Se queria um filme de ação e por isso importou o coreógrafo de Matrix e O Tigre e o Dragão, explicou demais as situações sem desenvolver os personagens. Se queria um filme cult, errou feio ao abusar dos clichês tanto visuais quanto nos diálogos. E se queria um filme de herói... Bom, não achei um herói e sim um cara frustrado que sei lá porque Exu insiste em doutriná-lo para continuar a luta do mestre de capoeira de Besouro.
Não achem que eu me expressei mal, foi assim mesmo que entendi a história que com medo de errar, atira pra todos os lados mas o que é atingido mesmo é o bom senso do espectador. De acordo com a produção, Manoel Henrique Pereira, batizado Besouro na capoeira, realmente existiu no Recôncavo Baiano e se tornou um mito que se estendeu a capoeira.
Nesse quesito tenho que louvar a iniciativa que embora tenha seus méritos, escorrega na sua própria ambição. A beleza da capoeira enquanto dança e seu perigo enquanto luta é bem mostrada nas coreografias que se de certa forma ferem a nossa inteligência quando o Besouro parece voar, também nos remete aos filmes chineses fazendo uma quase comparação ao kung fu.
A escolha de Ailton Carmo para viver Besouro também foi boa já que por ser professor de capoeira deu mais vivacidade às cenas de ação. Aliás, seus dois amigos que obviamente formariam um triângulo amoroso fatal também atuam bem, ainda que o roteiro prejudique o desenvolvimento dos personagens.
A mística em torno do candomblé para reforçar as referências afro-brasileiras surge na história tardiamente e de forma um tanto quanto didática que soou até pedante. Enfim faltou uma melhor costura em toda a trama para que o possível surpreendente final não tivesse sido prejudicado por tudo que veio antes.
Nota 05
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quinta-feira, abril 07, 2011
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2 comentários:
Confesso que até me surpreendi com filme. Não com os efeitos que achei bem Matrix, mesmo.
Com a história do suposto herói que não tinha nada de herói. Era uma pessoa comum e cheio de falhas.
Acho que é bem o que acontece, com o escolhido que não se sente escolhido ou preparado, mas que por outro não quer decepcionar o mestre e o povo que acreditou no que disse o mestre.
Apesar da falta de diálogo, achei o filme mostrou que é muito dificil tornar-se o um lider. Não basta habilidades físicas.
Achei que o filme mostrou, de certa forma, como é dificil a luta de uma minoria quando opressor se faz de bom, de vez em quado.
O povo acreditou no que disse o mestre, que ele era o escolhido e quando ele não impediu a morte do mestre, revoltaram-se e não o seguiriam numa ossível revolução contra o senhor dos engenhos. Pelo menos não naquele momento. Mas a mensagem do além disse que ele e o povo estavam prontos. Ele não acreditou.Foi a sozinho e morreu.
Ele não souber liderar. tinha força física mas não tinhar a capacidade de liderar com palavras.
Daria um nota 7,5 .
Olha aê, está surgindo uma nova crítica cinéfila.
Você abordou o filme sob outra ótica e faz sentido a sua nota pensando assim. Eu me ative mais a produção em si do que na história, acho.
Embora entenda sua análise, acredito que as falhas que encontrei depõem contra o todo.
O bom é que os filmes brasileiros estão cada vez melhores e ter a sua companhia torna ainda mais prazeroso assisti-los.
Beijos
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