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segunda-feira, agosto 29, 2011

O Retrato de Dorian Gray


A adaptação de grandes romances para o cinema é sempre algo que divide opiniões e mesmo que se trate de obras distintas, é quase impossível não haver comparações. Não é à toa que nenhuma obra de Machado de Assis tenha ganhado uma versão ao menos satisfatória a não ser numa série televisiva. Fernando Meirelles fez um questionável Ensaio sobre a Cegueira, embora seu autor, José Saramago, tenha se emocionado. E no caso de Oscar Wilde, um autor que atravessa gerações, agradando os jovens pela ousadia e os mais velhos pela profundidade reflexiva, qualquer adaptação de seu romance O retrato de Dorian Gray será sempre questionada.

A versão de 1945, de fato, parece ser a mais íntegra, e embora eu não tenha visto as de 1970 e de 2004, é certo que a versão mais recente, de 2009, sofre de uma crise de identidade. Estrelado por dois ótimos atores Colin Firth, que ganhou Oscar por O Discurso do Rei, e Ben Chaplin, a produção relega ao personagem principal um ator sem carisma e empastelado: Ben Barnes, mais conhecido como o príncipe Caspian, de As Crônicas de Nárnia.

A história é conhecida há mais de um século. Dorian Gray (Ben Barnes) é um jovem e belo narcisista que vê no amigo hedonista Henry Wotton (Colin Firht) um exemplo. Seduzido pelos prazeres da juventude e pelos desafios provocados por Wotton, Gray vende sua alma ao diabo para permanecer sempre jovem e sua vida regrada aos vícios e prazeres vai transformando seu retrato, pintado por Basil (Ben Chaplin), em um ser cada vez mais deformado.

Além da boa atuação da maior parte dos atores, a recriação do figurino e da Londres do final do século XIX é bem interessante, mas a abordagem do novo roteiro troca as sugestões de Oscar Wilde pelo explícito. E de uma forma pouco convincente, na maioria das vezes. As cenas de orgias, por exemplo, com nudez parcial, não chega a chocar tampouco a excitar.

Mas o mais gritante talvez seja a abordagem moralista, que diverge não só da proposta do romance, mas da própria vida de Oscar Wilde que antes de se casar teve uma vida bastante agitada, extravagante e que posteriormente seria preso por "cometer atos imorais com diversos rapazes". Não estou dizendo, com isso, que a versão moderna de Dorian Gray seja ruim. É um enfoque diferenciado às críticas de Oscar Wilde há mais de um século. Naquela época deveria ser difícil imaginar que o pseudo puritanismo condenado pelo escritor irlandês estivesse ainda em voga (e talvez mais acentuado) nos dias de hoje.

Direção: Oliver Parker
Elenco: Ben Barnes, Ben Chaplin, Colin Firth, Fiona Shaw, Rebecca Hall
Roteiro: Toby Finlay, Oscar Wilde (romance)
Origem: EUA
Estreia 2009

6 comentários:

Anônimo disse...

assisti esse filme e gostei

Anônimo disse...

Não gostei desse filme.. A minha expectativa era p/ um filme melhor.

Anônimo disse...

Esse filme é péssimo!

Anônimo disse...

Gostei do livro, mas gosto mais de ler mesmo, filmes de livros só eh bom quando o sentido do livro esta expresso em mesma intensidade no filme

Anônimo disse...

Na verdade ele não vendeu a alma, mas sim a mesma foi colocada no quadro.

André Alves disse...

Olá, anônimo.
De fato a alma de Gray foi colocada no quadro, como já diz o título. Mas há também uma alteração gradual em seu caráter.
A expressão "vendeu a alma" que usei aqui é puramente metafórica.
Grato pela observação

 
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