Google+ Cinema e Mídia: Django Livre

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domingo, fevereiro 24, 2013

Django Livre


Nunca foi segredo de ninguém o fascínio que Tarantino tem pelos westerns spaghettis e pelo diretor Sergio Leone. É uma marca do cineasta homenagear o gênero em seus filmes, até que veio Django Livre: um típico western spaghetti a moda Tarantino, com a exceção de que boa parte do filme não se passa no oeste americano.

Antes de mais nada, é preciso dizer que o filme é ótimo – ainda que seja ligeiramente inferior a Bastardos Inglórios e Pulp Fiction - principalmente pelo roteiro ousado, as cenas violentas, o humor escrachado e os longos diálogos, apimentados de cultura pop, que em alguns casos são altamente improváveis. Até mesmo as referências aos antigos filmes do gênero como os zooms toscos e a abrupta interrupção da trilha sonora funcionam bem. Aliás, as músicas do filme são um dos grandes achados.


Veja o trailer do filme aqui

O tema de Django Livre é um tema recorrente aos filmes do diretor: a vingança. Dois anos antes da guerra civil americana Django é liberto pelo doutor King Schultz, que na verdade é um caçador de recompensas, para que o ajude a matar três foragidos. Os dois ficam amigos e Schultz decide ajudar Django que tem uma missão muito mais nobre: resgatar sua esposa que é escrava em Candyland, propriedade de Calvin Candie (DiCaprio). Só que caçar bandidos é muito “mais simples” que invadir uma fazenda de um destemperado mimado cheio de capangas.

Também não podemos nos esquecer dos atores. Revelar o talento de Christoph Waltz em Bastardos Inglórios foi a melhor coisa que Tarantino fez na vida e o ator, como Dr. King Schultz, retribuiu o favor com outro papel memorável. O texano Jamie Foxx está impecável como o personagem-título da produção. Não conseguiria imaginar outro ator vivendo o papel a não ser Samuel L. Jackson duas décadas atrás. Vamos agradecer a Will Smith por ter recusado o papel.

E por falar em Samuel, o cara rouba a cena a partir do momento em que aparece, limando até mesmo Leonado DiCaprio (a quem também devemos agradecer por não ser poliglota e não servir para fazer o papel em Bastardos Inglórios, que ficou com Waltz). O personagem dele não é tão malvado quanto as primeiras críticas e o ator haviam falado, mas tem seu fascínio. Nos dias de hoje seria um típico agroboy. Diferente do papel de Jackson, o grande parceiro do diretor, que parece pequeno, mas é ardiloso e responsável por uma das grandes reviravoltas. Uma pena o desperdício da belíssima Kerry Washington, que faz o papel de apenas uma donzela em perigo, tal qual a personagem do folclore alemão que tem o seu nome: Broomhilda.

Ainda tenho que falar das ótimas referências que o filme traz. Não dá pra aprofundar em todas, mas além da trilha sonora devidamente creditada, Django é nome de um personagem faroeste de 1966 imortalizado por Franco Nero que gerou vários outros filmes com o mesmo personagem, mas sem relação com a produção original, como este em que Django pela primeira vez é negro. O sobrenome inventado para este Django é Freeman (homem livre) e também o sobrenome de um dos melhores atores americanos Morgan Freeman. O sobrenome de Broomhilda é von Shaft. Shaft é primeiro herói negro do cinema ianque, sugerindo uma descendência entre os personagens.

Das pitadas pop na história achei que a frenologia poderia (ou deveria) ter sido mais bem ridicularizada e gostei bastante da menção a Alexandre Dumas. E mesmo com toda a trama, a violência e verborragia a cena que pra mim se tornou emblemática é aquela com uma embrionária Ku Klux Klan, mostrando o quanto são, para dizer o mínimo, patéticos.

Por fim, mais uma vez Tarantino, que já anuncia uma aposentadoria pra daqui alguns anos, distorce a História a serviço do entretenimento e de um tipo de vingança catártica das minorias.

Título Original: Django Unchained
Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Christoph Waltz, Jamie Foxx, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Don Johnson, Franco Nero, James Remar, Kerry Washington
Origem: Estados Unidos
Estreia: 2012

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu AMEI o filme e também adorei a referência a Dumas, que para mim foi novidade, eu não sabia a história dele.

André Alves disse...

Pois é Gisele. Tarantino é mesmo ótimo. Os filmes dele são obrigatórios para qualquer um que gosta de cinema, né?

 
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