O Lutador

Quem já assistiu qualquer filme da série Rocky pode achar que quem já viu um filme de luta já viu todos. Mas assim como Franco Zeffirelli fez com O Campeão em 1979, Darren Aronofsky fez com O Lutador, 30 anos depois. Mas, em vez do ex-galã Jon Voight, o ex-galã Mickey Rourke. Em vez do boxe, a luta livre. E em vez do lirismo, a realidade.

Darren Aronofsky e Mickey Rourke superam o batido e encontram uma nova forma de contar uma história batida. A busca de seus sonhos, a superação do fracasso e o desejo de reconhecimento pelos filhos. O roteiro é bonito num cenário feio, na decadência que é singularmente mostrada na figura do próprio Rourke, desfigurado depois de anos sendo um lutador medíocre de luta livre depois de dar um tempo na meteórica carreira após Coração Satânico e 9 e 1/2 semanas de amor.

Marisa Tomei ressurge novamente muito bem como atriz e com uma excelente forma física aos 45 anos (ainda melhor do que eu já tinha comentado em Antes que o Diabo saiba que você está morto). E sua personagem é extremamente marcante pois ela como stripper e mãe de um garotinho é a versão feminina do Lutador, não em seu declínio final, mas com esperança de dar um futuro melhor para seu filho.

Mas notem que Aronofski escolheu a realidade e não o lirismo de Zeffireli ou a chroradeira de Stalone. A filmagem de modo documental, a escolha do próprio Rourke e mundo de uma profissão que beira o teatral é para que nós mergulhemos na verdade. E se você ver só o drama é porque não entendeu o filme.

Nota 08

PS.Vale mencionar que Darren fez o enigmático “Pi” e o revolucionário “Réquiem para um sonho”, mas decepcionou com exagerado Fonte da Vida. Aos 40 anos sua nova empreitada é a reimaginação de Robocop. Se ele se mantiver na média, coisa boa vem por aí.